Depoimento de  Sami Isbelle em  24/09/2010

 Sami Isbelle é o autor dos livros “Islam: a sua crença e a sua prática” e “O Estado islâmico e a sua organização”. É diretor do Departamento Educacional e de Divulgação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro   (SBMRJ – http://www.sbmrj.org.br/).  :

‘’Para nós, muçulmanos, Jesus (Que a bênção e a paz de Deus estejam sobre ele) foi um dos grandes mensageiros enviados por Deus para orientar o seu povo, convocando para a adoração de um Deus Único, sem parceiros, o Criador de tudo e de todos. 

A forma pela qual os cristãos hoje entendem a Unicidade de Deus é diferente da forma pela qual nós a compreendemos. Logo, não acreditamos no conceito da trindade, onde Deus existiria como três pessoas separadas e distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que são unidas em uma mesma substância ou ser. Em nossa concepção, Jesus   não possui nenhuma divindade, ou seja, não é considerado Deus nem filho de Deus. Como já foi visto no post anterior, consideramos o seu nascimento um grande milagre, além de ser um sinal do poder de Deus. 

Não compartilhamos também da ideia que Jesus foi crucificado a fim de expiar o pecado dos homens, pois dentro da nossa visão o ser humano é responsável somente pelos seus atos. Em outras palavras, nós não carregamos o pecado de ninguém, nem de nossos pais, avós, Adão ou Eva. Para nós, toda criança nasce pura, sem pecado algum, tornando-se responsável pelos seus atos a partir da puberdade, não havendo a necessidade do batismo para expiar o pecado original. 

Na nossa visão, Deus é Absoluto, perfeito, de uma natureza e dimensão completamente distinta das dos seres humanos e de todos os outros seres por Ele criados, não cabendo a Ele nenhum tipo de limitação ou fraqueza, comum nas demais criaturas por Ele criadas. Diz Deus, o Altíssimo, no Alcorão: 

“O Messias, filho de Maria, não é mais do que um mensageiro, do nível dos mensageiros que o precederam; e sua mãe era sinceríssima. Ambos se sustentavam de alimentos terrenos como todos.Observa como elucidamos os versículos” (Alcorão: 5:75) 

Deus procura mostrar através desse simples exemplo que ambos tinham necessidades e se alimentavam, e todo ser humano após se alimentar precisa eliminar os resíduos dessa alimentação. Portanto, dentro do nosso ponto de vista, nunca imaginaríamos Deus, o Altíssimo, tendo que eliminar tais resíduos da forma que fazemos. Isso para nós não é compatível com a grandeza e perfeição de Deus. 
Outro ponto que não compartilhamos é da ideia de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Para nós, como diz Deus, o Altíssimo, no Alcorão: “Nada se assemelha a Ele, e é o Oniouvinte, o Onividente” (Alcorão: 42:11). 

Deus revelou para Jesus   o Evangelho, para que servisse de guia para seu povo. Como já mencionamos num post anterior, acreditamos que o Evangelho que temos em nossas mãos hoje não é o original que havia sido revelado para Jesus (Que a bênção e a paz de Deus estejam sobre ele). Com o passar do tempo ele acabou sendo alterado, e as palavras dos homens se misturaram com as palavras de Deus. 

Deus permitiu que Jesus realizasse inúmeros milagres, como curar o cego de nascença, ressuscitar os mortos, falar ainda bebê – a fim de inocentar sua mãe da acusação de adultério –, dentre outros mais. Este é Jesus, filho de Maria, na visão do Islam: um grande homem e um grande mensageiro. ‘’

A VISÃO ISLÂMICA A CERCA DE JESUS