LIVROO PERISPÍRITO E SUAS MODELAÇÕES’’CAPITULO 51

‘’— Imaginemos que fossem analisar as origens da provação a que se acolheram os acidentados de hoje… Surpreenderiam, decerto, delinqüentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão: companheiros que, em outro corpo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, pondo a pique existências preciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo atestado de rebeldia, perante a lei, os quais, por enquanto, somente encontram recurso em tão angustioso episódio para transformarem a própria situação.

Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagens contam surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se

afeiçoam!… Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para as pessoas cujo passo já resvala no cairel * do sepulcro ? Ação e Reação – André Luiz  (cap. 18 – pág. 246)

(*cairel > borda, beira,margem))

TRAUMAS POR ACIDENTES

(….)

‘’Acidentes fazem parte da história de todos nós. Alguns por imprevidência, outros forçados e criados pelas leis cármicas, que funcionam qual cobrador incorruptível dos nossos delitos. No exato momento em que escrevia estas linhas, uma fragata de guerra americana lançava dois mísseis contra um avião comercial indefeso, que sobrevoava o Golfo Pérsico, promovendo o espetacular desencarne coletivo de 290 pessoas.

Acidente? E o grande incêndio do Edifício Joelma? Negligência? Que dizer das quedas constantes de barreiras, soterrando centenas de vítimas? Das erupções vulcânicas, inundações, tempestades, guerras, dos micro acidentes particulares de cada um, que somados perfazem volumoso total de passageiros deste mundo para o outro?

Quem lhes dá os passaportes?   (…….)

Primeira visita.

O instrutor está me informando que vamos observar dois casos de acidentes traumáticos para o perispírito. A explosão de um avião de passageiros e um paciente

vítima de radiações atômicas de Hiroshima. São exemplos bem demonstrativos das agressões que o perispírito pode sofrer, determinada pelas condições mentais e cármicas de cada um.

Fala-nos que nessa observação você pode explorar o assunto à vontade, de maneira a não permanecerem dúvidas em qualquer detalhe da narrativa. Encontro-me em uma sala ampla e arejada, onde homens e mulheres trajam batas, como se fossem profissionais da Medicina. À minha frente uma tela branca e grande, onde, segundo o instrutor, vamos assistir a um acidente ocorrido com um avião de passageiros. As cenas que começam a surgir mostram imagens tridimensionais de grande realeza. Como estou atenta a todos os detalhes, noto através das cenas, que os passageiros do avião são as mesmas pessoas que estão aqui conosco, assistindo ao filme.

No avião eles estão bem vestidos, paletós, elegantes vestidos, como se estivessem a passeio. O instrutor, (que coisa estranha!) diz que as cenas relativas ao acidente estão sendo retiradas da mente dos passageiros. Devo permanecer com atenção máxima, para descrever o mais fielmente possível. Verei a atuação dos médicos e enfermeiros antes e após a tragédia.

Neste instante ele coloca a mão sobre a minha cabeça e sinto como se extraísse algo de mim. Como no momento sou a única encarnada presente, devo funcionar como doadora de ectoplasma para uma melhor funcionalidade da tela. Todos os Espíritos que estão na primeira e na segunda fila estão concentrados, e de suas mentes sai uma substância azul prateada, que está dando vida às ações na tela. O avião está em vôo e seus passageiros descontraídos.  (……)

 Os enfermeiros continuam posicionados, uns à frente, outros de lado e ainda alguns à retaguarda dos passageiros. (Isso está me deixando nervosa!) Como estou um pouco tensa, o instrutor diz que me poupará do instante dramático da explosão, pois a mesma é bastante chocante, podendo me abalar e com isso prejudicar a narrativa. Verei cenas imediatamente após a explosão. Mas está acontecendo algo inesperado! Alguns Espíritos na assistência, que passaram pelo acidente estão vivendo fortemente o momento. Envolveram-se demais com o drama revivido e forçaram o aparecimento na tela, do momento crucial da explosão.

A cena está sendo plasmada! Não há tempo nem para gritos! Explodiu de uma vez. Tudo e todos vão pelos ares. Pedaços humanos se projetam em várias direções. Os enfermeiros que estavam a postos, retiraram os perispíritos dos passageiros, frações de segundo antes da explosão. É como se eles tivessem desencarnado antes da tragédia se consumar. Foram como que sugados do corpo; até aqueles mais arraigados à matéria. Ocorre que alguns registraram tão fortemente a explosão, que a impressão que sentiram no momento pareceu fixar-se em suas mentes, entrando em coma profundo a reviverem seguidamente a cena dantesca.

—Esses que registraram rudemente a cena, sofreram o impacto no perispírito?

—Sim. Vejo a cena onde um Espírito desesperado procura pedaços do seu

corpo. Ele está totalmente alucinado.

—E por que não entrou em prostração?

—Por causa do seu apego demasiado à matéria e ao corpo físico. Era excessivamente vaidoso; cultivava certo endeusamento de sua figura e os enfermeiros ão conseguiram fazê-lo entrar em prostração. O desespero é muito grande… Procura juntar cada parte do seu corpo. Aqui ele pega um pedaço da sua perna; ali ele apanha uma mão… Engraçado! Ele traz um pedaço da perna na mão, vejo seu perispírito sem a perna, mas ele caminha normalmente; como pode ser isto?

O instrutor explica que o pedaço de perna que está em sua mão é uma criação mental dele, estando seu perispírito intacto, posto que foi retirado do local antes da explosão. Insiste que são resíduos de sua mente, onde se alojou a idéia da mutilação, favorecida pelo desconhecimento da existência do perispírito. O tratamento para ele não será o mesmo dos mutilados comuns, de vez que ele necessita apenas de educação mental e conhecimentos básicos sobre a vida espiritual.

Muitos Espíritos que entraram em prostração, abrigando em cores vivas nos arquivos mentais o drama sofrido, necessitam dessa terapia, pois se vêem e se sentem mutilados, quando na realidade estão perispiritualmente intactos, sem a lucidez de perceberem tal realidade. Isso ocorre devido ao grau de alucinação em que se encontram e à falta de méritos que os credenciem a uma percepção mais vigorosa da realidade em que se inserem. Esse companheiro que traz o pedaço de perna em sua mão, fechou todas as portas ao seu redor, para ter como visão única o pedaço de perna que julga ser real.

Os desencarnes coletivos, que são casos excepcionais, podem ser precedidos de um desencarne antecipado dos envolvidos, contabilizando-se neste caso o trauma perispirítico, por conta da cristalização mental da idéia do acidente e do despreparo do Espírito para com as leis divinas. Alguns passageiros assistiram ao acidente, mas não compreenderam que poderiam ficar imunes aos seus efeitos, justamente porque não havia intimidade com o estudo, nem a meditação sobre o seu mundo de origem, o plano espiritual.

 (……)

—As imagens colocadas em tela foram retiradas da mente de pessoas que passaram pelo acidente. Mas, as pessoas que estavam no avião não sabiam da presença de enfermeiros a bordo. De onde surgiram essas imagens, de vez que os passageiros não as tinham registrado em suas mentes?

—Os Espíritos podem retirá-las do éter. Mas aqui presentes, encontram-se enfermeiros que a tudo assistiram. As imagens em parte saíram de suas mentes. (…….)

  Veja tenho visto aqui um Espírito colocar a mão sobre a cabeça de outro, e de lá retirar imagens de sua vida, usando técnicas de magnetismo pessoal. Apenas vejo os efeitos; eles conhecem a causa. O máximo que consigo entender, é que eles fabricaram essa tela onde assisto ao filme, com fluidos retirados do cosmo e do ectoplasma que cedi   Como as imagens passam da mente deles ou do éter, para a tela, aí já não entendo nada.

Iremos agora a outro pavilhão a fim de observarmos perispíritos, vítimas de radiações nucleares. Já os vejo. Apresentam-se com profundas chagas. Foi um desencarne coletivo ligado ao carma daquele povo. (Hiroshima). Como acidente de vastíssimas proporções, a retirada de perispíritos antes do acidente restringiu-se a casos isolados, levando-se em conta os méritos de cada um. Noto que as células perispirituais foram lesadas pela radiação. Alguns não desencarnaram de imediato, passando a arrastarem-se penosamente durante dias, semanas, sofrendo a destruição de suas células físicas, impressionando-se mentalmente, formando cristalizações demoradas.

As lesões com feridas profundas, pondo à mostra as partes ósseas, instalaram-se fundo na mente de muitos deles. Milhares já reencarnaram e outros continuam em tratamento. O panorama que vejo é por demais tristonho. Pessoas muito magras; umas com lesões cerebrais, como se a cabeça estivesse sem o cérebro; outras com o cérebro aparentando geléia. Esse órgão parece ter sido duramente atingido pelas radiações.

 (….) O tratamento aqui é bem específico. O Espírito é prostrado e encaminhado aos departamentos para projeção e desenho dos órgãos afetados. Vejo um rapaz portando grande ferimento, tendo o osso da perna à mostra. Observo o curativo ministrado pelos enfermeiros. Eles analisam a ferida, e notando-a limpa, sem pústula, colocam sobre ela um pó esbranquiçado e algo gelatinoso. O pó torna-se aderente, e sob a ação mental desses enfermeiros, parece confundir-se com o tecido ulcerado do paciente (……) Quando os enfermeiros se retiram e o rapaz relembra a cena que viciou a sua mente, a ferida volta a abrir.

O instrutor, sempre atento, explica que superado esse impasse, a cristalização da idéia, o processo cicatrizante se instalará em definitivo sobre os ferimentos.  (…..)

 Esses, julgados e condenados por suas próprias consciências, não logram forças para a regeneração perispiritual completa

—Esses Espíritos se encontram nesse estado desde 1945 quando sofreram o acidente?

— Sim. O tempo para o Espírito não é regulado pelo relógio terreno; a vontade bloqueada torna a ação obstruída. O tempo passa sem tecer os fios da saúde, para quem se deixa paralisar na própria enfermidade.  

(…………………………..)

O PERISPÍRITO E SUAS MODELAÇÕES – TRAUMAS POR ACIDENTES