LIVRO “O PERISPÍRITO E SUAS MODELAÇÕES’’ – CAPITULO 40

‘’… O algoz continuava a fitá-lo com assombro e Paulo, notando a tremura com que ele empunhava a espada concitou resoluto: Não tremais! …

Cumpri vosso dever até o fim!

Um golpe violento fendeu-lhe a garganta, seccionando quase inteiramente a velha cabeça que se nevara aos sofrimentos do mundo. Paulo de Tarso caiu redondamente, sem articular uma palavra.

O corpo alquebrado embolou-se no solo, como um despojo horrendo e inútil.

… Foi aí que ouviu passos de alguém que se aproximava de leve. Ocorreu-lhe subitamente o dia inesquecível em que fora visitado pelo emissário do Cristo, na pensão de Judas.

Quem sois? perguntou como fizera outrora, naquele lance inolvidável.

Irmão Paulo… começou a dizer o recém-chegado.

Mas, o apóstolo dos gentios, identificando aquela voz bem amada, interrompeu-lhe a palavra bradando

com júbilo inexprimível.

Ananias! Ananias!…

E caiu de joelhos em pranto convulsivo.

Sim, sou eu disse a veneranda entidade pousando a mão luminosa na sua fronte um dia Jesus mandou que te restituísse a visão, para que pudesses conhecer o caminho áspero dos seus discípulos

e hoje, Paulo, concedeu-me a dita de abrir-te os olhos para a contemplação da vida eterna. Levanta-te! Já venceste os últimos inimigos, alcançaste a coroa da vida, atingiste novos planos de redenção!

Paulo e Estêvão – Emmanuel (cap. X)

’Sempre tive curiosidade em saber por que os amputados sentem dores nos membros que perderam, portanto, inexistentes para eles. O perispírito ficaria igualmente amputado ou se conservaria íntegro, frente aos danos físicos? Caso o perispírito sofra a mesma amputação que o físico, que tratamento lhe seria dispensado para a sua volta à normalidade, uma vez que no físico, impossível se torna a regeneração?

Tenho observado muitos amputados no mundo espiritual que levam anos a conviver com suas deformações, e outros, em curtíssimo espaço de tempo se recuperarem, mostrando-se saudáveis e operosos.

No livro “O Céu e o Inferno” capítulo VI, Allan Kardec faz a seguinte indagação a um Espírito que teve o seu corpo físico decapitado em recente encarnação:

—Uma vez que assim é, sob que forma vos veríamos, se tal nos fosse possível?

Ver-me-eis sob a minha forma corpórea: a cabeça separada do tronco. É a resposta.

No livro “Paulo e Estêvão” de autoria de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, o autor descreve a morte do apóstolo, quando o seu algoz lhe decepa a cabeça, sendo Paulo, quase instantaneamente transportado para lugar verdejante, estando perispiritualmente íntegro, apenas privado da visão.

Antigas vítimas da inquisição ou da escravatura, que se dedicam ainda a perseguir os seus carrascos, carregam em seus perispíritos após séculos, os estigmas das violências sofridas. Cristalização? Bloqueio? Ignorância acerca da plasticidade do perispírito? Desconhecimento da complexa anatomia e fisiologia humanas e da atuação da mente, impedindo a modelação perispiritual? Necessitam esses Espíritos para normalizarem seus corpos, da atuação de técnicos a recompor seus órgãos afetados por somente estes dominarem técnicas desconhecidas até então por nós?

Consultamos aos amigos espirituais. Gostaríamos de observar amputados; a resposta veio rápida, com o incentivo costumeiro em casos tais, quando a finalidade do que se faz obedece aos propósitos do bem comum.’’

O LIVRO TRAZ A MANIFESTAÇÃO PSICOFÔNICA DO ESPÍRITO DE ROSE KROPPER NA CONDIÇÃO DE TÉCNICA EM ESTRUTURA MOLECULAR DO PERISPÍRITO

‘’… Quando um Espírito apresenta em seu perispírito um dedo decepado é porque a sua mente assim o imagina. Mas nós, Espíritos que estudamos e compreendemos a estrutura molecular do perispírito, sabemos que é suficiente que ele pense, vibre na forma mental do seu dedo, para que ele se recomponha. Ocorre que existe um bloqueio mental, e aquele Espírito é então trazido às reuniões mediúnicas, para que através da psicofonia, ele com a sua mão justaposta à mão do médium, sinta mover o dedo que não existe. É como se aquele dedo tomasse uma forma utilizando a fôrma do médium. Isso produz um desbloqueio na mente do amputado, no que ele começa a recriar mentalmente o seu dedo, auxiliado logicamente pelos Espíritos amigos, através de técnicas hipnóticas, para que haja uma harmonização perispiritual.

O doutrinador poderá orientar essa reconstrução, induzindo o amputado a mover a mão, o dedo que não existia, convencendo-o de que a operação foi bem sucedida.

— E no caso de uma perna, um braço, um órgão maior?

— É muito mais complexo. Vocês observaram os retalhados.

(Espíritos que quando encarnados, atiraram-se sob as rodas de um trem danificando o perispírito). Nesse caso, há uma profundidade nas lesões, determinadas pelo forte desejo de destruição. Esse desejo de inexistir, de anular-se, o choque alucinante da dor, a continuidade do momento clímax do suicídio que não o abandona… enlouquece o Espírito. O que esperar de um louco brutalizado pela dor, cujo pensamento está coagulado em momento de pungente pesar? Os técnicos precisam esperar a crise passar. É necessário drenar a pesada carga de vibrações letais.

A depender dos méritos de cada um, tais irmãos podem ser levados às sessões espíritas, para que os médiuns, em procedendo o choque anímico, os auxiliem. Todavia, em ocasiões assim, o tempo, as reencamações dolorosas, o amor de Deus é que são os construtores dos órgãos danificados. Nosso trabalho nesse caso não sr reveste de muito proveito. É como fazer castelos de areia perto das ondas do mar.

Poderíamos modelar os órgãos, mas as ondas vibratórias do grande mar do sofrimento do suicida os desfariam instantaneamente.

No mais, como nada que se faz em louvor ao bem é inútil, esse período de sofrimento atroz lhe é necessário para desgaste de suas vibrações e fortalecimento do seu instinto de sobrevivência e auto estima. A dor, pirogravando em sua mente esses instantes, formará uma espécie de automatismo que o afastará do suicídio, como nos afasta do fogo. Além disso, não nos é permitido alterar a lei cármica na qual ele se inseriu como culpado, por livre decisão. À proporção que ele se pacifique ocorrerá o mesmo com suas células trituradas.

— Será possível a um Espírito de mente harmonizada e conhecedora dos mecanismos fluídicos e perispirituais recompor enquanto encarnado a perda de um dedo?

— No presente estágio evolutivo, não. No plano espiritual, devido à plasticidade da matéria isso seria possível. Mas no plano material, embora ocorram cicatrizações promovidas pelo automatismo do duplo etérico, este não está apto a substituir órgãos perdidos. Repito que não podemos desviar o rumo da vida desses Espíritos que se mutilam. Aqui em nosso mundo, como aí, o pensamento é vida, se materializa… Se alguém se fere propositadamente, a lei deve seguir seu curso.

— Há pouco você me falou que o duplo etérico ajuda na recuperação de células do físico. Como isso ocorre?

O duplo etérico, absorvendo a vitalidade do meio físico-espiritual, auxilia o corpo físico em seus impulsos disciplinadores, no sentido de se deixar modelar pelas linhas de força que o perispírito lhe desenha. O corpo físico é dotado de seu próprio sistema regulador, que o impulsiona a alimentar células sadias e a reparar células gastas. Todavia recebe para isso a ajuda do duplo etérico e do perispírito.

O primeiro organiza um sistema defensivo contra as agressões celulares e o segundo mantém a forma humana frente ao desgaste e a renovação celular. Todo o complexo,

corpo ffsico-duplo etérico-perispírito-corpo mental-Espírito, funciona em perfeita harmonia, em simbiose impecável, razão pela qual nos é difícil falar separadamente de uma parte dele.

No caso de mortes naturais, as células físicas perdem a vitalidade, após desligados definitivamente todos os centros de força que abastecem e unem o perispírito ao corpo denso. Em alguns casos, antes do desligamento dos centros de força, o perispírito ainda absorve pequena porção de vitalidade física, a depender da idade do corpo físico e do tipo de enfermidade do desencarnante. Após o desencarne a vitalidade das células perispirituais segue o seu curso através da captação de energias da natureza pela atuação fisiológica do perispírito no meio que agora habita.

No suicídio, além das células físicas, morrem também as células perispirituais afetadas, impossibilitando ao perispírito como um todo, reabastecer-se naturalmente.

Nesse caso procede-se a uma doação fluídica semelhante a uma doação sangüínea.

—E como isso é feito?

—Nas reuniões mediúnicas, retira-se dos médiuns e dos circunstantes, o material necessário para modelagens e abastecimento celular dos enfermos. Aqui entre nós, pesquisadores dominam a técnica da retirada e reposição de vitalidade celular. Todavia, não tenho autorização para transmitir essa informação.

—Pode ao menos fazer uma comparação?

—Sim! É como uma transmissão através de capilares sangüíneos, quase não notada pelos médiuns ou pelo enfermo.

—E no caso do amputado que trouxe o carma da amputação. Essa informação é fruto do seu mapa cármico exclusivamente ou concorrem para tal evento fatores genéticos?

—Geralmente esses fatores encontram-se relacionados. O mapa cármico traz a informação de que um braço deverá ser amputado. Então o indivíduo, um dia se verá diante de uma máquina que lhe roubará o braço, de um acidente, ou mesmo simples ferida onde a gangrena torne imperiosa a amputação. O mapa genético pode influir como fator secundário. A combinação de genes nas células reprodutoras, por ocasião do reencarne, poderá estabelecer para o futuro, condições que possibilitem desarmonias, deficiências, ou mesmo que concorram e possibilitem o fato traumático da amputação. Nesse exemplo, a genética do indivíduo age como fator concorrente, e não, determinante, pois o que faculta a amputação é o carma.

Temos ainda a considerar dois fatores. Se o indivíduo, ao reencarnar, tomou conhecimento da prova e a aceitou com resignação, ou se, por outro lado, dela tendo

conhecimento não a aceitou, abrigando em si o sentimento de revolta e de inconformismo. No primeiro caso, o amputado ao desencarnar, passará por um

processo de modelagem rápida, se condicionou-se a sentir-se amputado, readquirindo

a sua normalidade perispiritual. Se ele traz a consciência de que a sua prova foi

superada com êxito, não restarão sequelas em seu perispírito. Isso é possível, devido

à aceitação da prova evitar o surgimento de um bloqueio mental que venha a interferir

no processo de modelação do membro amputado. Nesse exemplo, pela consciência

antecipada da prova e pela aceitação do traumatismo físico sem mágoas, ele se

credita diante do plano espiritual a que o seu perispírito seja recomposto logo após

o pagamento do seu débito. O outro lado da questão, é quando não existe a aceitação

da prova, a insubmissão geradora de complexos e revanchismo.

O Espírito nessas condições, ao desencarnar, terá realmente aquele órgão ausente, visto ter sido a ausência, fator de revolta, alimento revigorante da cristalização da própria ausência. Aqui, os técnicos utilizam recursos magnéticos retirados do fluido universal, do fluido ambiental, para a formação de um novo órgão, que se materializará quando a rebeldia do acidentado amenizar.

—No caso de uma perna amputada, a substituição é feita pela introdução de uma perna mecânica?

—Não! A perna mecânica é suposta. É uma perna que se forma, tem células, neurônios, ossos, se encaixa e não deixa cicatrizes.

—E sobre as sensações e impressões que os amputados sentem no órgão ausente?

—As sensações de calor, frio, dor, são oriundas do condicionamento mental, adquirido antes da amputação, no qual o órgão enviava estímulos ao cérebro, ocasião em que este os registrava e reagia aos seus efeitos. Quando a amputação é recente este fato é notável, tanto por causa das terminações nervosas existentes no local da amputação funcionando como fios expostos a captarem estímulos favorecendo a recapitulação de sensações vividas, quanto pelo fato de a mente não estar acostumada ou condicionada à nova situação de ausência. À proporção que a mente aceita o fato e se prepara para atuar nas novas condições, essa sensação de existência de um membro fluídico no local do membro amputado, desaparece.

Sendo o pensamento um agente modelador, o “pensar e aceitar a mutilação” faz regredir qualquer resquício perispiritual que ultrapasse o espaço físico onde houver mutilação, o que poderia funcionar como veículo condutor para o Espírito, de alguma sensação exterior.

No mais, essas sensações são passadas pelo duplo etérico ao perispírito, que as repassa ao Espírito. Como o duplo etérico após a amputação vai se extinguindo gradativamente do local, tal como acontece na morte, que o desliga do corpo para fazê-lo voltar ao reservatório universal, essa impressão do membro vivo e inexistente tende a desaparecer com a sua dissolução. Aí então, sem esse agente condutor intermediário entre o perispírito e o corpo, cessam as sensações de fato, podendo restar lembranças dessas impressões ou sensações, que podem ser tomadas como feitos reais, em virtude do condicionamento que aos poucos vai sendo substituído pela realidade da ausência.

— Podem ser retiradas células de um local do perispírito e colocadas em outro como em um enxerto?

— Esse não é o caso. O que vai gerar a perna é o pensamento dos técnicos, com o material retirado do fluido universal e do ambiente. Não ocorre isso de tirar um pedaço; as células que se formam tomam vida, são criadas, e a perna possui sangue, nervos, vitalidade e é permanente. Finalizando, lembro: o conhecimento anterior da prova e a sua aceitação é que favorecem ao amputado físico a sua plenitude e beleza perispirituais.

A reunião de estudos prolongou-se com o desdobramento de outros médiuns para observação de amputados. (….) ‘’

OS AMPUTADOS