NOTA DO BLOG

Antes de iniciar a reprodução dessa matéria, é importante destacar que boa parte da matéria exposta  neste BLOG sobre o referido  tema tem  raízes fincadas na portentosa obra da literatura espírita, o livro ‘’O PERISPÍRITO E SUAS MODELAÇÕES’’ de Luiz Gonzaga Pinheiro, da EDITORA EME. LUIZ GONZAGA PINHEIRO, um dedicado professor pernambucano estrutura seu relato com base em narrativas de médiuns desdobrados, que visitavam hospitais espirituais, assistindo cirurgias e fazendo entrevistas acompanhados de mentores espirituais.

Porque o termo ‘’modelações’’ ?  Porque,  nesses hospitais, os médicos espirituais, por meio de cirurgias avançadíssimas, procedem a remodelação dos órgãos do  perispírito ou corpo espiritual danificados por ocasião do desencarne em situações as mais variadas e trágicas possíveis. Essa obra destaca o quanto desconhecemos a respeito das   intervenções dos médicos espirituais para literalmente  ‘’reconstruir ‘’ espíritos desencarnados   por meio de  instrumentos que estão séculos à frente  da nossa Medicina terrestre.

Obs.:  www.ebookespirita.org  disponibiliza o conteúdo de domínio público e a propriedade intelectual dessa obra.

O conteúdo desta referência será reproduzida nas  várias oportunidades nas quais este BLOG apresentar matérias que terão o PERISPÍRITO ou CORPO ESPIRITUAL como foco central das preocupações da Medicina Espiritual, com o objetivo de remodelar seus órgãos. É uma justa homenagem aos médicos espirituais e à LUIZ GONZAGA PINHEIRO e sua equipe de médiuns que nos legaram o precioso livro ‘’O PERISPÍRITO E SUAS MODELAÇÕES’’.

CAPÍTULO 47 – ESTUDO DO CORPO MENTAL

Primeira visita.

Já estou desdobrada, e encontro-me no interior de um hospital, um pouco diferente dos demais que tenho observado. Comigo, um rapaz alourado e o nosso amigo alemão. Esse hospital possui a aparência do Instituto Médico Legal, sem contudo apresentar a lugubridade dessas instituições terrenas.

Vejo em frente muito verde, e no interior do prédio, posso perceber uma beleza arquitetônica relevante, mas sóbria. Subimos as escadas e somos recebidos por uma mulher trajando roupas brancas; deve ser médica ou enfermeira. Seu aspecto é muito suave. Seus cabelos pretos e lisos, caídos sobre os ombros. Também estou vestida de branco. Uma saia longa que não me permite ver os pés. Chegamos a uma sala muito espaçosa, e vejo várias gavetas como se fossem fichários. Essa irmã que nos recebeu e que diz ser a coordenadora dos trabalhos, está informando ue nas gavetas que observo, encontram-se perispíritos modelados, para Espíritos que desencarnaram em acidentes graves, onde o corpo físico e o perispírito passaram por sérias lesões.

—Você tem certeza de que é isso mesmo que está ouvindo? De que não são perispíritos, mas apenas moldes, assim como manequins? —A irmã reafirma que são perispíritos moldados pelos técnicos, com o auxílio do corpo mental dos Espíritos que irão incorporá-los. Esses perispíritos aparentam ser de uma matéria plástica transparente. Dentro da gaveta que ela abriu para minha observação, está o perispírito de um homem de aproximadamente 60 anos.

Seus cabelos são grisalhos e suas feições não são joviais. Noto que existe uma grande diferença entre este perispírito que observo e o dessa irmã com quem falo. O dela tem vitalidade, semelhante ao corpo físico possui brilho, pele, carne, ossos, sentidos. O outro, o que está na gaveta, é transparente. Possui órgãos, mas não apresenta vitalidade nem palpitação. Ela nos explica que o corpo que eu observo na gaveta, está ligado ao Espírito

que irá habitá-lo, mas não necessariamente que o Espírito esteja ali, deitado espalhado naquele corpo. Todavia há um vínculo que os une. O paciente que possuirá este corpo modelado, foi vítima de trágico acidente que lhe subtraiu o físico e danificou drasticamente o perispírito. Existe no entanto a revestir o Espírito, o que chamamos de corpo mental, que nos possibilita promover a ideoplastia do perispírito, ou seja, da fôrma que se danificou.

—Será que você pode explicar melhor o que ouviu?

—A irmã repete que eles aproveitaram o corpo mental do Espírito, do qual o perispírito é cópia grosseira, como matriz, para dela extrair os dados necessários à nova modelagem. Por isso percebemos a aparência de um homem de 60 anos. São informações mentais que este corpo retém. É enfim como o paciente se sente e se situa no tempo e no espaço. Se ele fosse jovem, seu corpo mental refletiria o seu estado jovem, por força do seu comando mental, o qual obedece com absoluta fidelidade às diretrizes da mente.

A mente, minha amiga, (diz ela) guarda tudo que vê e sente. Então, em qualquer ocasião ou época, os técnicos em manipulação de fluidos, podem utilizar desses recursos e formar imagens, ou modelar o perispírito para o Espírito que o necessite. O Espírito que habitará este perispírito, não está consciente no momento. Apresenta-se em uma espécie de coma profundo. Dirigimo-nos a uma outra sala, onde observo mais gavetas. Todos os perispíritos que estão nelas, passaram por modelações, pois seus originais sofreram avarias brutais, onde houve desagregação, devido à mente registrar fortemente o momento do acidente. Alguns corpos foram inclusive, colocados ainda vivos, em estado cataléptico, em crematórios, e no momento da cremação, o medo e o pavor criaram neles seqüelas perispirituais de grande vulto. Separando a sala onde me encontro, de uma outra, existe um “vidro” transparente. Para adentrarmos a outra sala, já me encontro com outra vestimenta.

Vejo através de “vidros” que mais corpos são guardados em espécie de câmaras. Da cabeça de cada um deles saem fios que se ligam às gavetas com os perispíritos, na sala de onde saí. Agora Eulália, esse é o seu nome, diz que devo redobrar a atenção sobre o que vou observar.

—Explique melhor sobre os corpos que você observou.

—Os corpos aos quais me referi possuem semelhança fisionômica com os que estão nas gavetas, mas parecem ser mais leves, sutis, diz ela. Vejo-os como cadáveres, pois estão inanimados. Mas, o princípio inteligente, que é o Espírito, encontra-se ali adormecido. Como este não tem forma, eu não posso vê-lo; apenas a sua atuação através desse corpo mental.

Ao que vou assistir, e você escrever, é a junção desses dois corpos, ou seja, do corpo mental aqui observado com o perispírito que foi remodelado. Quando isso ocorrer, nós poderemos ver a fôrma perispiritual do Espírito, com a aparência da sua última encarnação; no momento, o perispírito que deverá unir-se ao corpo mental, apresenta-se apático, sem a vitalidade cuja ausência notifiquei.

Sem o corpo mental que retrata a condição do Espírito, o processo ideoplástico seria de impossível realização. Os técnicos fariam um corpo mais feio ou mais belo, ou seja, de feições alteradas, pois não tomariam como base os arquivos mentais do Espírito que a tudo guarda. A reconstituição precisa ser exata. Como o cirurgião plástico modela os traços fisionômicos do corpo acidentado, eles também modelam o perispírito, que em tudo se assemelha ao que foi avariado. Sem o corpo mental, a nova forma seria guiada apenas pelo mapa cármico e genético do paciente, impondo-lhe benefício ou prejuízo, o que não é admissível nas leis divinas.

—Pode se deter mais um pouco nesse raciocínio?

—No caso do novo perispírito moldado ser melhor, mais saudável, mais belo do que o merecido pelo Espírito, ou no sentido inverso, negando tais qualidades quando o Espírito delas se faz credor, haveria uma injustiça ou um privilégio, dois procedimentos inadmissíveis na justiça divina. Seria como pintar em uma tela a fotografia de uma pessoa, utilizando o negativo da foto como modelo. O corpo mental, retratando as particularidades cármicas, morais e intelectuais de que a mente se faz portadora, deixa-se plasmar segundo se mostra, funcionando como molde perfeito para a reagregação do perispírito.

Agora estamos em uma sala de cirurgia. Portamos máscaras, boinas e luvas. Tudo me parece rigidamente esterilizado. Um médico já idoso, vai fazer uma experiência para demonstrar o que ocorre com os Espíritos que aqui se encontram nas condições já descritas. Começa por explicar que os Espíritos se encontram adormecidos. Pede que os enfermeiros tragam em uma maca o perispírito que vi há pouco na gaveta, e o colocam

sobre uma mesa cirúrgica. Por trás da mesa, aparelhos a serem usados na cirurgia. Outros enfermeiros trazem o que eles chamam de corpo mental que se encontrava na câmara. Ambos são colocados muito próximos um ao outro. A situação que observo assemelha-se a uma cena de desencarne aí na Terra. O corpo físico embaixo e o perispírito acima já liberto. Mas aqui vai ocorrer o inverso. O corpo mental terá que adentrar o perispírito que lhe pertence, o qual foi remodelado segundo as características da citada matriz.

Quando por ocasião do acidente que desagregou grande parte dos fluidos perispirituais, o Espírito ficou em coma. Posteriormente, ele foi desdobrado, ou eja, saiu junto ao corpo mental, a fim de permitir os reparos necessários, a que os  técnicos se empenharam com toda a competência e caridade já conquistadas. Como no desdobramento terreno, onde o perispírito fica ligado ao corpo físico através de um laço fluídico, aqui também ocorreu o mesmo. O corpo mental está ligado ao perispírito por um laço que lhe permite o comando sobre ele. A experiência que me preparo para assistir é o corpo mental assumir esse comando sobre o perispírito já remodelado, como esse faria ao adentrar o corpo após o sono, despertando-o. Alguns fios começam a ser ligados. O médico fala que o Espírito em atendimento encontra-se adormecido há 30 anos. Esse é um instante sublime para ele. O ambiente aqui não admite qualquer pensamento dissonante. Toda a equipe se posta em oração, e eu também. Veja se me entende: existem fios ligados da aparelhagem para o corpomental e do corpo mental ao perispírito. Estão ligando cabeça com cabeça. Elesparecem gêmeos.

Quando ligaram cabeça com cabeça, (é como se acendesse uma luz) o cérebro perispiritual começa a funcionar. Agora eles estão baixando o corpo mental e colocando-o sobre o perispírito, no que ocorre um encaixe perfeito. Foi como se o perispírito absorvesse o corpo mental, passando a ter vida. Já não vejo dois corpos, mas somente um. O perispírito começa a demonstrar a sua vitalidade costumeira. Percebo a cor, o sangue circulando, os órgãos funcionando, a respiração mas ainda está imóvel. Pedem-me para deitar em uma cama ao lado, a fim de funcionar como doadora de fluidos vitais para esse irmão. Os técnicos dizem que esse tratamento ainda será muito demorado. O paciente passará por um processo de reeducação mental, onde aos poucos irá recobrando a memória. Eles o farão ver imagens, desfazendo a amnésia. Lembrará lentamente de nomes, imagens, lugares, como é uma flor….

Estou me sentindo muito cansada, mas feliz, porque o paciente está voltando à vida. Está mexendo os braços. O médico diz que normalmente servimos como doadores durante o sono físico, onde eles podem repor nossas energias com facilidade. Fala que o procedimento a que assisti pode parecer ficção, mas é assim que funciona, e que

você não deve omitir detalhes por medo de não ser bem entendido. Estou saindo para refazimento.

Segunda visita.

Encontro-me em um local muito parecido com um auditório. Um amigo ao meu lado diz tratar-se de uma sala de aula. Um companheiro coloca um aparelho em meu ouvido e me explica que você poderá me ouvir, mas eu só o ouvirei se retirar esse aparelho dos ouvidos. Quando você tiver uma dúvida na minha transmissão, eles retirarão o aparelho para que eu o escute e retorne ao ponto obscuro. Todos estão usando este aparelho. Vou realmente assistir a uma aula. Entre os alunos, todos animados e um pouco ansiosos, reconheço aquele rapaz que foi seu aluno e que desencarnou vítima de um acidente de trânsito. Ele traz uma prancheta na mão e acena saudando-me. O instrutor pede que eu passe para você o nome da escola “Universidade Espiritual da Colônia Neysy”.  À nossa frente existe uma tela em substituição ao quadro negro. Todos se preparam, inclusive a sua mãe. Vai começar! Devo falar tudo que vejo e que escuto.

Ingressou na sala um senhor alto e sereno. É o professor. Ele apenas pensa e seus pensamentos são projetados sobre a tela, em forma de desenhos e gráficos, no que se constitui o objetivo da aula. O desenho é de um corpo humano completo, mostrando um subcorpo, como uma espécie de sombra. No lugar do cérebro, existe um sinal, como se aquele local formasse uma terceira divisão do corpo. Essa parte do cérebro está grifada em caracteres bem vivos. Ao lado do desenho do corpo completo está o número l e o nome perispírito. A sombra, como se fosse um esboço ao redor do corpo é o número 2, o corpo mental. E o número 3 representa a sede do Espírito.

Diz o professor: Esta indicação do Espírito localizado no cérebro é para efeito didático, uma vez que o Espírito não se restringe apenas à parte cerebral. Ouço agora uma rápida descrição do perispírito e do corpo mental, pois segundo ele, o mais importante da sua explanação é compreender que podemos nos transportar não só em perispírito, mas também em corpo mental.

—Quer dizer que no mundo dos Espíritos, à saída do corpo mental do corpo perispiritual, é semelhante a saída do perispírito do corpo físico aqui na Terra?

—Exato! Nós nos desdobramos aqui em corpo mental, diz o professor. Agora em um outro desenho, ele mostra as partes do físico, e as contrapartes correspondentes no perispírito. Fazendo essa comparação, ele vai logo mostrando os efeitos do suicídio, e os danos causados ao perispírito, conforme o gênero utilizado.

Procure certificar-se se o corpo mental tem igualmente órgãos como o perispírito, e se estes são atingidos pelo suicídio.

Diz ele, que o corpo mental funciona muitíssimo bem no Espírito que já tem um determinado grau de evolução e equilíbrio, e que não sofre desagregação como o perispírito. Afirma ainda que o corpo mental está para o perispírito assim como este está para o corpo físico. A aula prossegue, e o professor mostra os membros, partes lesadas do perispírito, por causa do suicídio. Sobre o corpo mental, a explicação é que ele apresenta todos os órgãos do perispírito, mas, de uma matéria mais sutil e delicada. Nele, tudo é mais aperfeiçoado.

— Então eu posso ficar convicto de que o corpo mental possui órgãos como o perispírito.

— Certo! Mas eles não são atingidos, pela própria formação e composição intrínseca que lhes são peculiares.

Já tivemos oportunidade de ouvir explicações sobre o corpo mental, nos amputados; na forma de membro transparente no lugar do membro faltoso; nos suicidas por retalhamento, como uma película impedindo que ele se parta ao meio; naqueles que passaram por explosões do próprio perispírito, como uma espécie de fôrma vazia. Mas, no caso do suicídio por queimadura, cujo perispírito ficou apenas um torrão, como o corpo mental transportou-se para o novo perispírito?

— Naquele caso, o Espírito, enquanto consciente, ajudou na elaboração do novo perispírito. Ele queria um corpo, da mesma maneira que quem precisa encarnar necessita de um corpo para manifestar-se. O corpo mental é como o pensamento que voa. No momento em que desejou e que o novo corpo estava preparado e vitalizado, em fração insignificante do segundo, ele se transferiu.

—Mesmo assim, ainda não entendi como ele se transferiu.

—Pense assim: o corpo mental é como um raio, uma energia que pode penetrar em qualquer lugar. Algo muito volátil, maleável a tal ponto de mudar a forma original, tomar a forma de energia, ser direcionada pela vontade do Espírito e penetrar no novo corpo nele enxertando-se. Claro que tudo foi feito auxiliado pelos técnicos, devido às condições precárias do Espírito. Diz ele que é uma imagem aproximada do que ocorreu, e que você entenderá melhor nos próximos encontros.

Terceira visita

Já deixei o corpo, e recebo a informação de que vamos fazer duas visitas. Uma delas à subcrosta, e a outra, a uma colônia. Essa segunda visita, servirá como refazimento, e para que você estabeleça paralelos entre os perispíritos dos habitantes da subcrosta e os habitantes dessa colônia. Vamos observar Espíritos de categorias diferentes, e dessa análise perispirítica, tirar conclusões, dirimindo nossas dúvidas.

Estamos em uma zona bastante escura, e encontro-me com três amigos. Vejo com certa nitidez o nosso amigo alemão. Sua aparência é jovial embora seja um homem maduro. Tem um andar lento, como de uma pessoa bastante descansada. Os outros dois estão do meu lado, como a proteger-me. Estamos vestidos com roupas semelhantes ao couro, mas elas se encontram tingidas com uma espécie de fuligem. Camuflagem, diz Khrõller. Assim não seremos percebidos, quando penetrarmos nesses antros.

Estamos defronte a umas ruínas e ouvimos muitos gritos, lamentos, choro. Não devo ligar para o que escuto, dizem, e sim permanecer em silêncio e oração. Existe uma masmorra nessas ruínas. Nela, diversos Espíritos de categoria muito inferiorizada. Alguns de aspecto animalesco, formas de ursos, unhas e patas enormes. No entanto, o corpo e o rosto são humanos. Nosso amigo diz que esses irmãos foram vítimas de hábeis hipnotizadores. Observo alguém que tem o corpo todo chagado. São grandes feridas na pele. Apenas criações mentais dele, que se refletem no perispírito, tornando-o ulcerado. Vejo também um outro corpo sob essa pele cheia de feridas. Esse corpo muito fino, como se estivesse sobre os ossos, apresenta-se intacto. É algo tão tênue, que quase não percebo. Só consegui distingui-lo porque o instrutor colocou a mão sobre minha cabeça, ampliando a minha visão. Ele me diz que aquele corpo delicado é o corpo mental, que reveste o Espírito. Observo agora a grosseria da sua pele. As pústulas são enormes e tão reais, como se fossem no corpo físico. O corpo perispiritual desse companheiro parece ser tão materializado quanto o corpo físico. Percebo até o sangramento, as cascas das feridas, o inchaço e o odor pútrido. Parece-me estar frente a um hanseniano em estado grave. Aqui, na subcrosta a respiração é difícil e o calor é insuportável. Vejo

muitos companheiros sem a forma humana. Alguns possuem formas estranhas e seus perispíritos são tão densos, que não podem habitar a crosta. Esses Espíritos entraram no estado de primitivismo devido aos grandes crimes praticados, e para suportarem a alta temperatura das furnas, seus perispíritos se revestiram de camadas grosseiras, como escamas pétreas.

Isso ocorre por vontade deles ou é um tipo de adaptação ao ambiente que o perispírito desenvolve?

—As condições climáticas, aqui resumidas ao calor, bem como os crimes cometidos por esses Espíritos são os responsáveis pelo adensamento perispiritual.

Eles padecem “o fogo do inferno”, diz nosso instrutor. Certa vez li um livro que procurava retratar as condições dos Espíritos habitantes dessas regiões, mencionando-os sob forma de peixes, polvos, répteis, aves, espécie de larvas, árvores ressequidas e até minerais. Essa descrição é verdadeira?

—O Espírito que eu estou observando tem um revestimento parecido com o do crocodilo. Ele não tem a boca desse réptil, mas a sua pele é idêntica. Diz o instrutor, que os Espíritos decaem na forma perispirítica, mas não passam de homens para animais. Subjugados por mentes vigorosas, as formas perispirituais se degradam devido à sua maleabilidade, que obedece à vontade de quem as manipula, desafiando a imaginação de quem observa. Muitos deles portam formas monstruosas, subumanas, para amedrontar, e permanecem assim por viciação mental. Outros chegam a ter uma forma quase mineral, como se não pensassem, não tivessem mais vontade própria. Suas emoções não são mais registradas, apresentando uma massa disforme, permanecendo assim por séculos sem condições de habitar a crosta. Mas os Espíritos, ao tocá-los, sabem que não são minerais, mas humanos. Já li também sobre formas perispirituais enormes, descomunais. Isso pode ocorrer?

— A condição do perispírito é muito elástica, mas tem um limite. Ê como uma bexiga que enche e ultrapassando o ponto crítico tende a estourar. Não pode assumir formas gigantescas pela sua condição de limite. No entanto, pode apresentar formas variadas e até maior que a dimensão humana, mas, não desproporcionalmente grande. Vamos à segunda visita.

Estou levitando. Sinto em meu coração a sensação de altura, como se estivesse m um elevador. Estamos descendo. Observo que é dia, pois percebo os raios solares. Tudo está muito claro. Encontro-me no meio de um jardim com muitas flores vermelhas minúsculas, formando um tapete na relva. Apanho uma delas, e percebo que não possui nenhum aroma. Exalam o perfume do refazimento, diz o Espírito que está ao meu lado. Mais que o verde, esta florzinha está me refazendo as energias.

Estou sentada. Há um banco no meio da relva, e eu coloco os pés descalços sobre o tapete verdejante. (Ah! Se eu pudesse ficar aqui para sempre). Sei que devo ermanecer apenas alguns instantes enquanto são extraídas do meu perispírito as

impurezas nele impregnadas na visita anterior. Já não estou mais com aquelas roupas

tingidas de cinza; tampouco estou cansada. Além dos fluidos do ambiente, recebi passes dos amigos deste lugar. Interessante! Não consigo imaginar este lugar à noite. Faz sol! É como o sol das cinco horas da tarde. Esta colônia fica situada acima da Filadélfia. Não sei porque a Filadélfia. É tarde lá?

Parece-me que a Filadélfia fica no nordeste dos Estados Unidos. Se isto for verdade, deve ser final de tarde por aí.

Percebo muitos Espíritos com características alouradas. Falam outro idioma e apresentam-se amigáveis. Sei que eles estão falando outro idioma, mas eu entendo o que eles dizem. O instrutor diz que a nossa comunicação é mental, por isso eu entendo o que dizem. O sotaque ou condição lingüística da colônia não é capaz de obstaculizar a nossa comunicação que se faz mentalmente. Esta colônia se chama “Lírios do campo”. Volitamos novamente. Estou com um roupão branco e amparada por dois amigos. Sinto as nuvens como se fosse passageira de um avião. Pousamos em outro local da mesma colônia. Encontro-me em uma sala ampla, cujo piso parece mármore branco. No centro

da sala vejo um aparelho em movimento circular, um pouco lento. Assemelha-se a uma câmara de TV. É um captador de fluidos ambientais. Eles estão me colocando no raio de ação do aparelho, e estou sentindo uma sensação muito agradável. O instrutor pede que eu olhe ao redor, mas nada percebo junto a mim. Apenas Espíritos mais adiante. Então ele me recomenda elevar o padrão vibratório através de uma prece, porque o Espírito que vai nos ajudar, está procurando baixar o seu, para que nós o avistemos. Vejo então ao meu lado, uma luz muito forte, e ele, esse Espírito que vai nos ajudar, procura reduzir a luminosidade para tornar-se perceptível em seus detalhes. Consigo distingui-lo agora com nitidez. É uma mulher belíssima. Suas feições são muito delicadas e o seu olhar me deixa emocionada. A pele é como se fossem pétalas suaves. Quando ela toca a minha mão eu sinto uma emoção muito grande, um envolvimento de paz e de ternura. Ela diz ser apenas uma humilde servidora do Cristo. Estende a mão para que eu possa sentir a delicadeza da sua pele. É tudo perfeito. As unhas são róseas, a pele aveludada, os cabelos são como fios dourados. Não possuem a mesma constituição dos nossos cabelos. É realmente uma coisa muito bela.

O instrutor informa que essa irmã se prontificou a nos auxiliar, deixando-se tocar e observar, para que possamos sentir a diferença, a sutileza do perispírito. Ocorre agora algo que eu nunca havia visto. Ela está se desdobrando. O perispírito está parado à minha frente, e ao mesmo tempo, eu percebo ao lado, uma luz fortíssima. Ela me diz mentalmente: Você não está percebendo, mas existe um revestimento nesse corpo desdobrado. É o meu corpo mental. Eu não sou como você pensa, só luz.

Procure observar se esse revestimento possui as mesmas características do perispírito que está à sua frente. Não estou conseguindo distinguir nada. Vejo apenas a luminosidade. Mas vou perguntar a ela. Posso tocar? pergunto-lhe. Ela afirma que sim. Estou tocando o corpo mental. Sinto a mão, os dedos, as unhas, mas não consigo ver, devido a intensa luz. É como se seu corpo mental fosse de luz.

— No instante em que ela quer pode desdobrar-se?

— Sim! Ela fez isso para que eu pudesse observar os dois corpos. Informa-nosque o seu corpo mental é adaptado aos fluidos do ambiente onde está. Quanto mais depurado é o Espírito, mais esse corpo se torna tênue e sutil. Com esse corpo, os Espíritos podem fazer estágios, estudos em outras colônias mais avançadas. Nos Espíritos angélicos, esse revestimento é tão sutil, que até os Espíritos mais elevados não conseguem perceber. Só com a permissão deles é que podem ser notados. Vejo agora seu perispírito em movimento novamente, depois que a luz apagou; o que significa que ela retornou. Afirma que a sutileza do perispírito é espantosa, pois ela, Espírito sem credenciais de destaque no campo da evolução, teve que baixar um pouco a sua vibração para se deixar perceber, e poderia ter ficado invisível para nós, caso quisesse. Poderíamos ver apenas uma luz e ela estaria revestida com o seu perispírito.

Reafirma que foi um grande prazer cooperar conosco em nossos estudos. Abraça-me, e novamente me sinto emocionada. Vou retornar, pois não me é permitido ficar por muito tempo nesta zona, devido às condições do meu perispírito. Meu

ingresso foi permitido apenas para fins de estudo.

Paralelo entre o homem no seu aspecto quaternário e o ovo.  

1. Casca = Corpo físico

2. Membrana da casca = Duplo etérico

3. Membrana da gema = Perispírito

4. Membrana do disco germinativo = Corpo Mental

Primeira visita.

Já estou desdobrada, e encontro-me no interior de um hospital, um pouco diferente dos demais que tenho observado. Comigo, um rapaz alourado e o nosso amigo alemão. Esse hospital possui a aparência do Instituto Médico Legal, sem contudo apresentar a lugubridade dessas instituições terrenas.

Vejo em frente muito verde, e no interior do prédio, posso perceber uma beleza arquitetônica relevante, mas sóbria. Subimos as escadas e somos recebidos por uma mulher trajando roupas brancas; deve ser médica ou enfermeira. Seu aspecto é muito suave. Seus cabelos pretos e lisos, caídos sobre os ombros. Também estou vestida de branco. Uma saia longa que não me permite ver os pés. Chegamos a uma sala muito espaçosa, e vejo várias gavetas como se fossem fichários. Essa irmã que nos recebeu e que diz ser a coordenadora dos trabalhos, está informando ue nas gavetas que observo, encontram-se perispíritos modelados, para Espíritos que desencarnaram em acidentes graves, onde o corpo físico e o perispírito passaram por sérias lesões.

—Você tem certeza de que é isso mesmo que está ouvindo? De que não são perispíritos, mas apenas moldes, assim como manequins? —A irmã reafirma que são perispíritos moldados pelos técnicos, com o auxílio do corpo mental dos Espíritos que irão incorporá-los. Esses perispíritos aparentam ser de uma matéria plástica transparente. Dentro da gaveta que ela abriu para minha observação, está o perispírito de um homem de aproximadamente 60 anos.

Seus cabelos são grisalhos e suas feições não são joviais. Noto que existe uma grande diferença entre este perispírito que observo e o dessa irmã com quem falo. O dela tem vitalidade, semelhante ao corpo físico possui brilho, pele, carne, ossos, sentidos. O outro, o que está na gaveta, é transparente. Possui órgãos, mas não apresenta vitalidade nem palpitação. Ela nos explica que o corpo que eu observo na gaveta, está ligado ao Espírito

que irá habitá-lo, mas não necessariamente que o Espírito esteja ali, deitado espalhado naquele corpo. Todavia há um vínculo que os une. O paciente que possuirá este corpo modelado, foi vítima de trágico acidente que lhe subtraiu o físico e danificou drasticamente o perispírito. Existe no entanto a revestir o Espírito, o que chamamos de corpo mental, que nos possibilita promover a ideoplastia do perispírito, ou seja, da fôrma que se danificou.

—Será que você pode explicar melhor o que ouviu?

—A irmã repete que eles aproveitaram o corpo mental do Espírito, do qual o perispírito é cópia grosseira, como matriz, para dela extrair os dados necessários à nova modelagem. Por isso percebemos a aparência de um homem de 60 anos. São informações mentais que este corpo retém. É enfim como o paciente se sente e se situa no tempo e no espaço. Se ele fosse jovem, seu corpo mental refletiria o seu estado jovem, por força do seu comando mental, o qual obedece com absoluta fidelidade às diretrizes da mente.

A mente, minha amiga, (diz ela) guarda tudo que vê e sente. Então, em qualquer ocasião ou época, os técnicos em manipulação de fluidos, podem utilizar desses recursos e formar imagens, ou modelar o perispírito para o Espírito que o necessite. O Espírito que habitará este perispírito, não está consciente no momento. Apresenta-se em uma espécie de coma profundo. Dirigimo-nos a uma outra sala, onde observo mais gavetas. Todos os perispíritos que estão nelas, passaram por modelações, pois seus originais sofreram avarias brutais, onde houve desagregação, devido à mente registrar fortemente o momento do acidente. Alguns corpos foram inclusive, colocados ainda vivos, em estado cataléptico, em crematórios, e no momento da cremação, o medo e o pavor criaram neles seqüelas perispirituais de grande vulto. Separando a sala onde me encontro, de uma outra, existe um “vidro” transparente. Para adentrarmos a outra sala, já me encontro com outra vestimenta.

Vejo através de “vidros” que mais corpos são guardados em espécie de câmaras. Da cabeça de cada um deles saem fios que se ligam às gavetas com os perispíritos, na sala de onde saí. Agora Eulália, esse é o seu nome, diz que devo redobrar a atenção sobre o que vou observar.

—Explique melhor sobre os corpos que você observou.

—Os corpos aos quais me referi possuem semelhança fisionômica com os que estão nas gavetas, mas parecem ser mais leves, sutis, diz ela. Vejo-os como cadáveres, pois estão inanimados. Mas, o princípio inteligente, que é o Espírito, encontra-se ali adormecido. Como este não tem forma, eu não posso vê-lo; apenas a sua atuação através desse corpo mental.

Ao que vou assistir, e você escrever, é a junção desses dois corpos, ou seja, do corpo mental aqui observado com o perispírito que foi remodelado. Quando isso ocorrer, nós poderemos ver a fôrma perispiritual do Espírito, com a aparência da sua última encarnação; no momento, o perispírito que deverá unir-se ao corpo mental, apresenta-se apático, sem a vitalidade cuja ausência notifiquei.

Sem o corpo mental que retrata a condição do Espírito, o processo ideoplástico seria de impossível realização. Os técnicos fariam um corpo mais feio ou mais belo, ou seja, de feições alteradas, pois não tomariam como base os arquivos mentais do Espírito que a tudo guarda. A reconstituição precisa ser exata. Como o cirurgião plástico modela os traços fisionômicos do corpo acidentado, eles também modelam o perispírito, que em tudo se assemelha ao que foi avariado. Sem o corpo mental, a nova forma seria guiada apenas pelo mapa cármico e genético do paciente, impondo-lhe benefício ou prejuízo, o que não é admissível nas leis divinas.

—Pode se deter mais um pouco nesse raciocínio?

—No caso do novo perispírito moldado ser melhor, mais saudável, mais belo do que o merecido pelo Espírito, ou no sentido inverso, negando tais qualidades quando o Espírito delas se faz credor, haveria uma injustiça ou um privilégio, dois procedimentos inadmissíveis na justiça divina. Seria como pintar em uma tela a fotografia de uma pessoa, utilizando o negativo da foto como modelo. O corpo mental, retratando as particularidades cármicas, morais e intelectuais de que a mente se faz portadora, deixa-se plasmar segundo se mostra, funcionando como molde perfeito para a reagregação do perispírito.

Agora estamos em uma sala de cirurgia. Portamos máscaras, boinas e luvas. Tudo me parece rigidamente esterilizado. Um médico já idoso, vai fazer uma experiência para demonstrar o que ocorre com os Espíritos que aqui se encontram nas condições já descritas. Começa por explicar que os Espíritos se encontram adormecidos. Pede que os enfermeiros tragam em uma maca o perispírito que vi há pouco na gaveta, e o colocam

sobre uma mesa cirúrgica. Por trás da mesa, aparelhos a serem usados na cirurgia. Outros enfermeiros trazem o que eles chamam de corpo mental que se encontrava na câmara. Ambos são colocados muito próximos um ao outro. A situação que observo assemelha-se a uma cena de desencarne aí na Terra. O corpo físico embaixo e o perispírito acima já liberto. Mas aqui vai ocorrer o inverso. O corpo mental terá que adentrar o perispírito que lhe pertence, o qual foi remodelado segundo as características da citada matriz.

Quando por ocasião do acidente que desagregou grande parte dos fluidos perispirituais, o Espírito ficou em coma. Posteriormente, ele foi desdobrado, ou eja, saiu junto ao corpo mental, a fim de permitir os reparos necessários, a que os  técnicos se empenharam com toda a competência e caridade já conquistadas. Como no desdobramento terreno, onde o perispírito fica ligado ao corpo físico através de um laço fluídico, aqui também ocorreu o mesmo. O corpo mental está ligado ao perispírito por um laço que lhe permite o comando sobre ele. A experiência que me preparo para assistir é o corpo mental assumir esse comando sobre o perispírito já remodelado, como esse faria ao adentrar o corpo após o sono, despertando-o. Alguns fios começam a ser ligados. O médico fala que o Espírito em atendimento encontra-se adormecido há 30 anos. Esse é um instante sublime para ele. O ambiente aqui não admite qualquer pensamento dissonante. Toda a equipe se posta em oração, e eu também. Veja se me entende: existem fios ligados da aparelhagem para o corpomental e do corpo mental ao perispírito. Estão ligando cabeça com cabeça. Elesparecem gêmeos.

Quando ligaram cabeça com cabeça, (é como se acendesse uma luz) o cérebro perispiritual começa a funcionar. Agora eles estão baixando o corpo mental e colocando-o sobre o perispírito, no que ocorre um encaixe perfeito. Foi como se o perispírito absorvesse o corpo mental, passando a ter vida. Já não vejo dois corpos, mas somente um. O perispírito começa a demonstrar a sua vitalidade costumeira. Percebo a cor, o sangue circulando, os órgãos funcionando, a respiração mas ainda está imóvel. Pedem-me para deitar em uma cama ao lado, a fim de funcionar como doadora de fluidos vitais para esse irmão. Os técnicos dizem que esse tratamento ainda será muito demorado. O paciente passará por um processo de reeducação mental, onde aos poucos irá recobrando a memória. Eles o farão ver imagens, desfazendo a amnésia. Lembrará lentamente de nomes, imagens, lugares, como é uma flor….

Estou me sentindo muito cansada, mas feliz, porque o paciente está voltando à vida. Está mexendo os braços. O médico diz que normalmente servimos como doadores durante o sono físico, onde eles podem repor nossas energias com facilidade. Fala que o procedimento a que assisti pode parecer ficção, mas é assim que funciona, e que

você não deve omitir detalhes por medo de não ser bem entendido. Estou saindo para refazimento.

Segunda visita.

Encontro-me em um local muito parecido com um auditório. Um amigo ao meu lado diz tratar-se de uma sala de aula. Um companheiro coloca um aparelho em meu ouvido e me explica que você poderá me ouvir, mas eu só o ouvirei se retirar esse aparelho dos ouvidos. Quando você tiver uma dúvida na minha transmissão, eles retirarão o aparelho para que eu o escute e retorne ao ponto obscuro. Todos estão usando este aparelho. Vou realmente assistir a uma aula. Entre os alunos, todos animados e um pouco ansiosos, reconheço aquele rapaz que foi seu aluno e que desencarnou vítima de um acidente de trânsito. Ele traz uma prancheta na mão e acena saudando-me. O instrutor pede que eu passe para você o nome da escola “Universidade Espiritual da Colônia Neysy”.  À nossa frente existe uma tela em substituição ao quadro negro. Todos se preparam, inclusive a sua mãe. Vai começar! Devo falar tudo que vejo e que escuto.

Ingressou na sala um senhor alto e sereno. É o professor. Ele apenas pensa e seus pensamentos são projetados sobre a tela, em forma de desenhos e gráficos, no que se constitui o objetivo da aula. O desenho é de um corpo humano completo, mostrando um subcorpo, como uma espécie de sombra. No lugar do cérebro, existe um sinal, como se aquele local formasse uma terceira divisão do corpo. Essa parte do cérebro está grifada em caracteres bem vivos. Ao lado do desenho do corpo completo está o número l e o nome perispírito. A sombra, como se fosse um esboço ao redor do corpo é o número 2, o corpo mental. E o número 3 representa a sede do Espírito.

Diz o professor: Esta indicação do Espírito localizado no cérebro é para efeito didático, uma vez que o Espírito não se restringe apenas à parte cerebral. Ouço agora uma rápida descrição do perispírito e do corpo mental, pois segundo ele, o mais importante da sua explanação é compreender que podemos nos transportar não só em perispírito, mas também em corpo mental.

—Quer dizer que no mundo dos Espíritos, à saída do corpo mental do corpo perispiritual, é semelhante a saída do perispírito do corpo físico aqui na Terra?

—Exato! Nós nos desdobramos aqui em corpo mental, diz o professor. Agora em um outro desenho, ele mostra as partes do físico, e as contrapartes correspondentes no perispírito. Fazendo essa comparação, ele vai logo mostrando os efeitos do suicídio, e os danos causados ao perispírito, conforme o gênero utilizado.

Procure certificar-se se o corpo mental tem igualmente órgãos como o perispírito, e se estes são atingidos pelo suicídio.

Diz ele, que o corpo mental funciona muitíssimo bem no Espírito que já tem um determinado grau de evolução e equilíbrio, e que não sofre desagregação como o perispírito. Afirma ainda que o corpo mental está para o perispírito assim como este está para o corpo físico. A aula prossegue, e o professor mostra os membros, partes lesadas do perispírito, por causa do suicídio. Sobre o corpo mental, a explicação é que ele apresenta todos os órgãos do perispírito, mas, de uma matéria mais sutil e delicada. Nele, tudo é mais aperfeiçoado.

— Então eu posso ficar convicto de que o corpo mental possui órgãos como o perispírito.

— Certo! Mas eles não são atingidos, pela própria formação e composição intrínseca que lhes são peculiares.

Já tivemos oportunidade de ouvir explicações sobre o corpo mental, nos amputados; na forma de membro transparente no lugar do membro faltoso; nos suicidas por retalhamento, como uma película impedindo que ele se parta ao meio; naqueles que passaram por explosões do próprio perispírito, como uma espécie de fôrma vazia. Mas, no caso do suicídio por queimadura, cujo perispírito ficou apenas um torrão, como o corpo mental transportou-se para o novo perispírito?

— Naquele caso, o Espírito, enquanto consciente, ajudou na elaboração do novo perispírito. Ele queria um corpo, da mesma maneira que quem precisa encarnar necessita de um corpo para manifestar-se. O corpo mental é como o pensamento que voa. No momento em que desejou e que o novo corpo estava preparado e vitalizado, em fração insignificante do segundo, ele se transferiu.

—Mesmo assim, ainda não entendi como ele se transferiu.

—Pense assim: o corpo mental é como um raio, uma energia que pode penetrar em qualquer lugar. Algo muito volátil, maleável a tal ponto de mudar a forma original, tomar a forma de energia, ser direcionada pela vontade do Espírito e penetrar no novo corpo nele enxertando-se. Claro que tudo foi feito auxiliado pelos técnicos, devido às condições precárias do Espírito. Diz ele que é uma imagem aproximada do que ocorreu, e que você entenderá melhor nos próximos encontros.

Terceira visita

Já deixei o corpo, e recebo a informação de que vamos fazer duas visitas. Uma delas à subcrosta, e a outra, a uma colônia. Essa segunda visita, servirá como refazimento, e para que você estabeleça paralelos entre os perispíritos dos habitantes da subcrosta e os habitantes dessa colônia. Vamos observar Espíritos de categorias diferentes, e dessa análise perispirítica, tirar conclusões, dirimindo nossas dúvidas.

Estamos em uma zona bastante escura, e encontro-me com três amigos. Vejo com certa nitidez o nosso amigo alemão. Sua aparência é jovial embora seja um homem maduro. Tem um andar lento, como de uma pessoa bastante descansada. Os outros dois estão do meu lado, como a proteger-me. Estamos vestidos com roupas semelhantes ao couro, mas elas se encontram tingidas com uma espécie de fuligem. Camuflagem, diz Khrõller. Assim não seremos percebidos, quando penetrarmos nesses antros.

Estamos defronte a umas ruínas e ouvimos muitos gritos, lamentos, choro. Não devo ligar para o que escuto, dizem, e sim permanecer em silêncio e oração. Existe uma masmorra nessas ruínas. Nela, diversos Espíritos de categoria muito inferiorizada. Alguns de aspecto animalesco, formas de ursos, unhas e patas enormes. No entanto, o corpo e o rosto são humanos. Nosso amigo diz que esses irmãos foram vítimas de hábeis hipnotizadores. Observo alguém que tem o corpo todo chagado. São grandes feridas na pele. Apenas criações mentais dele, que se refletem no perispírito, tornando-o ulcerado. Vejo também um outro corpo sob essa pele cheia de feridas. Esse corpo muito fino, como se estivesse sobre os ossos, apresenta-se intacto. É algo tão tênue, que quase não percebo. Só consegui distingui-lo porque o instrutor colocou a mão sobre minha cabeça, ampliando a minha visão. Ele me diz que aquele corpo delicado é o corpo mental, que reveste o Espírito. Observo agora a grosseria da sua pele. As pústulas são enormes e tão reais, como se fossem no corpo físico. O corpo perispiritual desse companheiro parece ser tão materializado quanto o corpo físico. Percebo até o sangramento, as cascas das feridas, o inchaço e o odor pútrido. Parece-me estar frente a um hanseniano em estado grave. Aqui, na subcrosta a respiração é difícil e o calor é insuportável. Vejo

muitos companheiros sem a forma humana. Alguns possuem formas estranhas e seus perispíritos são tão densos, que não podem habitar a crosta. Esses Espíritos entraram no estado de primitivismo devido aos grandes crimes praticados, e para suportarem a alta temperatura das furnas, seus perispíritos se revestiram de camadas grosseiras, como escamas pétreas.

Isso ocorre por vontade deles ou é um tipo de adaptação ao ambiente que o perispírito desenvolve?

—As condições climáticas, aqui resumidas ao calor, bem como os crimes cometidos por esses Espíritos são os responsáveis pelo adensamento perispiritual.

Eles padecem “o fogo do inferno”, diz nosso instrutor. Certa vez li um livro que procurava retratar as condições dos Espíritos habitantes dessas regiões, mencionando-os sob forma de peixes, polvos, répteis, aves, espécie de larvas, árvores ressequidas e até minerais. Essa descrição é verdadeira?

—O Espírito que eu estou observando tem um revestimento parecido com o do crocodilo. Ele não tem a boca desse réptil, mas a sua pele é idêntica. Diz o instrutor, que os Espíritos decaem na forma perispirítica, mas não passam de homens para animais. Subjugados por mentes vigorosas, as formas perispirituais se degradam devido à sua maleabilidade, que obedece à vontade de quem as manipula, desafiando a imaginação de quem observa. Muitos deles portam formas monstruosas, subumanas, para amedrontar, e permanecem assim por viciação mental. Outros chegam a ter uma forma quase mineral, como se não pensassem, não tivessem mais vontade própria. Suas emoções não são mais registradas, apresentando uma massa disforme, permanecendo assim por séculos sem condições de habitar a crosta. Mas os Espíritos, ao tocá-los, sabem que não são minerais, mas humanos. Já li também sobre formas perispirituais enormes, descomunais. Isso pode ocorrer?

— A condição do perispírito é muito elástica, mas tem um limite. Ê como uma bexiga que enche e ultrapassando o ponto crítico tende a estourar. Não pode assumir formas gigantescas pela sua condição de limite. No entanto, pode apresentar formas variadas e até maior que a dimensão humana, mas, não desproporcionalmente grande. Vamos à segunda visita.

Estou levitando. Sinto em meu coração a sensação de altura, como se estivesse m um elevador. Estamos descendo. Observo que é dia, pois percebo os raios solares. Tudo está muito claro. Encontro-me no meio de um jardim com muitas flores vermelhas minúsculas, formando um tapete na relva. Apanho uma delas, e percebo que não possui nenhum aroma. Exalam o perfume do refazimento, diz o Espírito que está ao meu lado. Mais que o verde, esta florzinha está me refazendo as energias.

Estou sentada. Há um banco no meio da relva, e eu coloco os pés descalços sobre o tapete verdejante. (Ah! Se eu pudesse ficar aqui para sempre). Sei que devo ermanecer apenas alguns instantes enquanto são extraídas do meu perispírito as

impurezas nele impregnadas na visita anterior. Já não estou mais com aquelas roupas

tingidas de cinza; tampouco estou cansada. Além dos fluidos do ambiente, recebi passes dos amigos deste lugar. Interessante! Não consigo imaginar este lugar à noite. Faz sol! É como o sol das cinco horas da tarde. Esta colônia fica situada acima da Filadélfia. Não sei porque a Filadélfia. É tarde lá?

Parece-me que a Filadélfia fica no nordeste dos Estados Unidos. Se isto for verdade, deve ser final de tarde por aí.

Percebo muitos Espíritos com características alouradas. Falam outro idioma e apresentam-se amigáveis. Sei que eles estão falando outro idioma, mas eu entendo o que eles dizem. O instrutor diz que a nossa comunicação é mental, por isso eu entendo o que dizem. O sotaque ou condição lingüística da colônia não é capaz de obstaculizar a nossa comunicação que se faz mentalmente. Esta colônia se chama “Lírios do campo”. Volitamos novamente. Estou com um roupão branco e amparada por dois amigos. Sinto as nuvens como se fosse passageira de um avião. Pousamos em outro local da mesma colônia. Encontro-me em uma sala ampla, cujo piso parece mármore branco. No centro

da sala vejo um aparelho em movimento circular, um pouco lento. Assemelha-se a uma câmara de TV. É um captador de fluidos ambientais. Eles estão me colocando no raio de ação do aparelho, e estou sentindo uma sensação muito agradável. O instrutor pede que eu olhe ao redor, mas nada percebo junto a mim. Apenas Espíritos mais adiante. Então ele me recomenda elevar o padrão vibratório através de uma prece, porque o Espírito que vai nos ajudar, está procurando baixar o seu, para que nós o avistemos. Vejo então ao meu lado, uma luz muito forte, e ele, esse Espírito que vai nos ajudar, procura reduzir a luminosidade para tornar-se perceptível em seus detalhes. Consigo distingui-lo agora com nitidez. É uma mulher belíssima. Suas feições são muito delicadas e o seu olhar me deixa emocionada. A pele é como se fossem pétalas suaves. Quando ela toca a minha mão eu sinto uma emoção muito grande, um envolvimento de paz e de ternura. Ela diz ser apenas uma humilde servidora do Cristo. Estende a mão para que eu possa sentir a delicadeza da sua pele. É tudo perfeito. As unhas são róseas, a pele aveludada, os cabelos são como fios dourados. Não possuem a mesma constituição dos nossos cabelos. É realmente uma coisa muito bela.

O instrutor informa que essa irmã se prontificou a nos auxiliar, deixando-se tocar e observar, para que possamos sentir a diferença, a sutileza do perispírito. Ocorre agora algo que eu nunca havia visto. Ela está se desdobrando. O perispírito está parado à minha frente, e ao mesmo tempo, eu percebo ao lado, uma luz fortíssima. Ela me diz mentalmente: Você não está percebendo, mas existe um revestimento nesse corpo desdobrado. É o meu corpo mental. Eu não sou como você pensa, só luz.

Procure observar se esse revestimento possui as mesmas características do perispírito que está à sua frente. Não estou conseguindo distinguir nada. Vejo apenas a luminosidade. Mas vou perguntar a ela. Posso tocar? pergunto-lhe. Ela afirma que sim. Estou tocando o corpo mental. Sinto a mão, os dedos, as unhas, mas não consigo ver, devido a intensa luz. É como se seu corpo mental fosse de luz.

— No instante em que ela quer pode desdobrar-se?

— Sim! Ela fez isso para que eu pudesse observar os dois corpos. Informa-nosque o seu corpo mental é adaptado aos fluidos do ambiente onde está. Quanto mais depurado é o Espírito, mais esse corpo se torna tênue e sutil. Com esse corpo, os Espíritos podem fazer estágios, estudos em outras colônias mais avançadas. Nos Espíritos angélicos, esse revestimento é tão sutil, que até os Espíritos mais elevados não conseguem perceber. Só com a permissão deles é que podem ser notados. Vejo agora seu perispírito em movimento novamente, depois que a luz apagou; o que significa que ela retornou. Afirma que a sutileza do perispírito é espantosa, pois ela, Espírito sem credenciais de destaque no campo da evolução, teve que baixar um pouco a sua vibração para se deixar perceber, e poderia ter ficado invisível para nós, caso quisesse. Poderíamos ver apenas uma luz e ela estaria revestida com o seu perispírito.

Reafirma que foi um grande prazer cooperar conosco em nossos estudos. Abraça-me, e novamente me sinto emocionada. Vou retornar, pois não me é permitido ficar por muito tempo nesta zona, devido às condições do meu perispírito. Meu

ingresso foi permitido apenas para fins de estudo.

Paralelo entre o homem no seu aspecto quaternário e o ovo.  

1. Casca = Corpo físico

2. Membrana da casca = Duplo etérico

3. Membrana da gema = Perispírito

4. Membrana do disco germinativo = Corpo Mental

O PERISPÍRITO E SUAS MODELAÇÕES – ESTUDO DO CORPO MENTAL