Ciência filosofia religiao – RUMO A LUZ https://rumoaluz.com.br Jesus, Espiritismo, Kardec Fri, 18 Oct 2024 20:27:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://rumoaluz.com.br/wp-content/uploads/2024/11/logo_desenho-150x150.jpg Ciência filosofia religiao – RUMO A LUZ https://rumoaluz.com.br 32 32 A DOR, O INSTINTO E A EVOLUÇÃO DO CÓRTEX CEREBRAL https://rumoaluz.com.br/a-dor-o-instinto-e-a-evolucao-do-cortex-cerebral/ Tue, 09 Jul 2024 17:13:06 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=866 Nos animais todos os sentidos explodiram  e se manifestaram  cada vez mais  perfeitos no cérebro das espécies mais elaboradas  até chegar ao símios.

A neurofisiologia ensina que até ali o cérebro havia desenvolvido um córtex (parte externa) que bastava para os fins a que se destinavam esses animais deu-se a esse tipo de revestimento o nome de  arqueocórtex que presidia aos mecanismos instintivos, ligados à preservação do indivíduo e da própria espécie.

Neocortex.

Mas a espiritualidade queria preparar para a chegada do Homo Sapiens  e prepará-lo para desenvolver o raciocínio e para tanto trabalhou num período que André. Luiz conta ter sido de 15 milhões de séculos para um cérebro que pudesse  esse trabalho e gerar pensamento contínuos e não fragmentários como nos animais.

E os  neurofisiologistas descobriram que há 1 milhão de anos chegou-se ao aperfeiçoamento  do neocortex.  Essa mudança no cérebro se deve a um gene  introduzido no hominídeo. No Homo Erectus o cérebro tinha  1016 cm3 centímetros cúbicos tendo dobrado de tamanho em relação ao espécime  anterior  o Homohabilis  que tinha  552 cm3. No homem moderno  o Homo Sapiens  o cérebro passou a ter 1355 cm3. Um novo córtex então evoluiu do arqueo córtex

O bicho homem passou a raciocinar, a planejar e  antever as consequências dos seus atos.   Passou a responder por eles perante  a lei de causa e efeitos e de ação e reação ou lei do carma. E passou a reencarnar    de modo a que suas dívidas da vida anterior fossem resgatadas em outra vida  além de assumir as consequências  dos atos dessa vida .  Demorou muito até entender que o caminho certo é resgatar  com resignação ativa  e vigiar para não incorrer em novas dívidas que prejudiquem sua evolução como espírito.

Processo da dor

O neocórtex, já mais desenvolvido nos primatas, fornece suporte a atividades cognitivas e voluntárias, que atingem na espécie humana o seu máximo desenvolvimento.

Essa evolução produz alívio da dor (analgesia). Um pouco desse alívio vem da estimulação dos neurotransmissores narcóticos naturais de alívio da dor chamados de endorfina, e encefalina.os sinais de dor podem disparar os caminhos no sistema nervoso autônomo quando passam através da medula, provocando aumento do batimento cardíaco, respiração ofegante e transpiração.

A extensão dessas reações depende muito da intensidade da dor, e elas podem ser atenuadas pelos centros cerebrais no córtex através de vários caminhos descendentes.

Heranças do tarqueo córtex e do instinto : o orgulho e egoísmo

O instinto é condicionamento programado pela espiritualidade.

O instinto, essa inteligência rudimentar dos animais passou a conviver com o raciocínio e a influenciar o comportamento do homem, ou seja seu livre arbítrio.

Ocorre que o instinto que herdamos da passagem do princípio inteligente pelo reino animal gera uma falha de caráter altamente prejudicial ao espírito do homem que é o egoísmo, o orgulho, seguido da vaidade que muitas vezes está acompanhada  da ambição e da inveja.

Reencarnamos em missão de aperfeiçoamento e com o passar dos anos perdemos o foco que era corrigir nossos erros e o nosso principal foco passa a ser nós mesmos somos o centro do universo e o egoísmo e o orgulho e vaidade inspira nossos passos. 

Optamos por  entrar pelo caminho da dor que tem portões largos e estradas floridas  muita beleza artificial transitória    muita coisa gostosa que condiciona e vicia  o nosso corpo.

São coisas perfeitamente supérfluas e efêmeras. Passamos nós nos vivíamos nelas a desprezar o estudo e uma carreira profissional decente, e voltamos as costas para verdades como responsabilidade, honra, ética, moral e bons costumes. E nos rendemos aos bens da terra de que trata a questão  706 do l.e.

Ou seja o sexo, a comida, as drogas e medicamentos, o dinheiro e tudo o que se pode comprar com ele foram criados para serem usados sabiamente sob  pena viciar e escravizar  o homem  e o espirito.

]]>
JUDAS ISCARIOTIS https://rumoaluz.com.br/judas-iscariotis/ Tue, 09 Jul 2024 17:02:30 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=862 ESPÍRITO DE HUMBERTO DE CAMPOS
LIVRO CRÔNICAS DE ALÉM-TUMULO
PSICOGRAFADO POR FRANCISCO C. XAVIER

Editora da Federação Espírita Brasileira – FEB – 1935

Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno. Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições. Os espíritos podem vibrar em contacto direto com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível. Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante. – Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas. – Judas?!… – Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho… Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo. -O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot? – Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios… – É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus? – Em parte… Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos. – E chegou a salvar-se pelo arrependimento? – Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência… – E está hoje meditando nos dias que se foram… – pensei com tristeza. – Sim… Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino… Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe… Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor… Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra… Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores. Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado… – É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo. Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.

]]>
O EVANGELHO GNÓSTICO DE TOMÉ https://rumoaluz.com.br/o-evangelho-gnostico-de-tome/ Mon, 08 Jul 2024 22:13:42 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=859 O BLOG RESUME O LIVRO
‘’O EVANGELHO GNÓSTICO DE TOMÉ’’
de Hermínio Miranda – Editora Lachatre – 2020

O QUE É GNOSE

É o conhecimento místico das verdades divinas e transcendentes que se referem à condição espiritual do ser humano combinando mística, sincretismo ou fusão de religião e especulação filosófica de seculares idéias universais que também foram adotadas por diversas seitas dos primeiros séculos da era cristã.
Acreditavam serem essenciais par a salvação da alma, mas que foram consideradas heréticas pela igreja já que esses pensamentos não atendiam os interesses dos pais da Igreja.

PRESSUPOSTOS
Para se entender o pensamento gnóstico do Evangelho de Tomé contido nos logia (ITENS) que permitem constatar que Jesus várias vezes inseriu esse tipo de pensamento nas suas mensagens, transmitidas pelos 3 evangelistas e por joão, o mais gnóstico de todos.
Para os gnósticos o homem é fagulha divina que Deus criou e enviou para o plano material para evoluir . o homem se apresenta na Terra em 3 categorias:

  1. OS MATERIAIS OU CARNAIS OU HÍLICOS .
    Criaturas se aprazem em apegar-se aos prazeres das coisas matériais e porisso reencarnam seguidamente para burilar-se.
    Estão presos e sepultados na matéria, porisso são considerados mortos pela sua completa ignorância da realidade espíritual.
    São prisioneiros dos desejos da carne e do sexo. sua ignorância é a morte do espírito.por isso enquadram-se no estado feminino de fraqueza e passividade e são considerados “filhos da mulher”. e reencarnam inumeras vezes para melhorar—se .
    Em Lucas 10:28 quando um sacerdote respondeu a Jesus qual o maior mandamento, Jesus lhe disse :”bem respondido. faze isso e viveras” . o que quer dizer: faça isso e voce não será considerado morto ou carnal ou hílico. em João (5:25) ele escreve sobre a realidade espiritual e diz:
    “ … nela os mortos ouvirão a voz do Filho de eus e os que a ouvirem, viverão.” ou seja os ignorantes despertarão para a vida.
    Viver na carne é estar praticamente morto ou embriagada ou entorpecido. e é a mulher quem proporciona o corpo físico que sufoca a centelha divina. ver LOGION ( ITEM ) Nº 1 PG 153.
  2. OS PSÍQUICOS
    Um pouco mais evoluidos já que têm o conhecimento das vantagens de se desapegar das coisas da matéria, mas ainda não tiveram sucesso. O sucesso só será alcançado pelo esforço pessoal da cada espírito. O reino de Deus, símbolo da perfeição espiritual é um conquista pessoal do esforço pessoal e não de salvação coletiva em bloco. Enquanto não atingi-lo o espírito ainda é primário, não enriquecido pelo conhecimento e pela verdade. Continuam com a necessidade de reencarnar mas seu batismo será de fogo porque eles mergulham no fogo purificador de suas proprias lutas.
    Porisso que se diz que Jesus veio ensinar como reunir condições para alcançar essa verdade. Não veio dar-se em sacrifício para salvar a humanidade como hipocritamente ensina a igreja.
  3. OS ESPIRITUAIS OU ESPIRITUALIZADOS OU PNEUMÁTICOS (DO GREGO PNEUMA > ESPIRITO) SÃO CONSIDERADOS EVOLUIDOS, VIVOS, DESPERTOS.
    São conscientes de sua orígem mais fortes espiritualmente. Tendo voltado para o seio de Deus de onde sairam para a matéria transformando-se em dualidade, inclusive sexual e agora integrados e unidos ao pai alcançaram a unidade e porisso considerados “filhos do homem”. No batismo o ser pneumatico mergulha não na água nem no fogo mas em si mesmo purificando-se com o autoconhecimento e tornando-se um gnóstico, um perfeito.
    Segundo HERMÍNIO MIRANDA ao referir-se a si mesmo como “FILHO DO HOMEM” estaria revelando não sua condição de messias mas de um ser que alcançara elevado estágio evolutivo.

A PRIMEIRA LINHA DE UM DOS MANUSCRITOS DE TAG HAMMADI DIZIA:
“ESTAS SÃO AS PALAVRAS SECRETAS QUE O JESUS VIVO PRONUNCIOU E QUE ESCREVEU JUDAS TOMÉ “

  1. Para os gnósticos a evolução espiritual alcançada pelos espirituais ou pneumáticos proporciona a salvação do ser, da centelha divina que retorna ao pai de onde proveio. Essa salvação é obtida pelo esforço pessoal de cada um em persistente trabalho de busca e não como propõe a igreja católica segundo a qual a salvação só foi obtida graças jesus e ao sacrífício de sangue a que se submeteu.

Essa divisão de 3 tipos de seres também está em paulo o que mostra sua profunda ligação com os princípios gnósticos. Jesus em muitas oportunidades se dirige aos apóstolos na terminologia gnóstica.

Um dos Comentários O EVANGELHO GNÓSTICO DE TOMÉ é da Dra.Elaine Pagels, que integrou a referida comissão. HERMINIO traz suas conclusões em síntese:

  1. Os cristãos gnósticos rejeitavam a ressureição do Cristo em seu corpo físico, mas em espírito.
  2. Não aceitavam que Cristo havia investido Pedro de autoridade como seu sucessor nem fundado igrejas.
  3. Não reconheciam autoridade ao sacerdote para agir no processo de salvação da alma.
  4. O ser humano é depósitário da centelha divina e vai a Deus segundo seu próprio esforço de autoconhecimento.
  5. Deus é PAI e MÃE, integrando os princípios masculinos e femininos.
  6. Mulher e homem são espiritualmente equivalentes. (existem algumas ressalvas quanto a isso mostradas pelos apóstolos p.ex em relação a Maria Madalena).
  7. Jesus não veio derramar seu sangue em sacrifício para lavar os pecados da humanidade, mas para libertá-la por meio do seu ensino e exemplificação.
  8. Jesus não é um ser a parte, inatingível, mas um ser de grande evolução e um modelo para todos.
  9. O Pais da Igreja perceberam que o ensino gnóstico era um perigo para eles porque permitia o acesso a Deus sem necessitar dos seus representantes na Terra e consideraram-no herético. Abandonaram a prática do pneumatismo (pneuma do grego espirito). Priorizaram o critério quantitativo para a chamada dos fiéis desprezando o critério qualitativo

ESTRUTURA DO EVANGELHO GNÓSTICO DE TOMÉ
SEGUNDO HERMÍNIO MIRANDA

O evangelho se compõe de uma série de 114 itens ou versículos chamados em grego de logion – plural > logia, alguns muito similares aos contidos nos evangelho canônicos. Outros dotados de uma complexidade que requer conhecimento dos conceitos gnósticos.

TRECHOS DO EVANGELHO GNÓSTICO DE TOMÉ
(não comentados)

Cada item é um LOGION, cujo plural é LOGIA
(1) E ele disse: “Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte.”

(2) Jesus disse: “Aquele que busca continue buscando até encontrar. Quando encontrar, ele se perturbará. Ao se perturbar, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo”.

(3) Jesus disse: “Se aqueles que vos guiam disserem, ‘Olhem, o reino está no céu’, então, os pássaros do céu vos precederão, se vos disserem que está no mar, então, os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e também está em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa pobreza.”
……………
(5) Jesus disse: “Reconheça o que está diante de teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado.”

(6) Seus discípulos o interrogaram dizendo: “Queres que jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? Que dieta devemos observar?”
…………
(10) Jesus disse: “Eu lancei fogo sobre o mundo, e eis que estou cuidando dele até que queime.”

(11) Jesus disse: “Este céu passará, e aquele acima dele passará. Os mortos não estão vivos e os vivos não morrerão. Nos dias em que consumistes o que estava morto, vós o tornastes vivo. Quando estiverdes morando na luz, o que fareis? No dia em que éreis um vos tornastes dois. Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?”

(12) Os discípulos disseram a Jesus: “Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?” Jesus disse-lhes: “Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos.”
………….

(16) Jesus disse: “Talvez os homens pensem que vim lançar a paz sobre o mundo. Não sabem que é a discórdia que vim espalhar sobre a Terra: fogo, espada e disputa. Com efeito, havendo cinco numa casa, três estarão contra dois e dois contra três: o pai contra o filho e o filho contra o pai. E eles permanecerão solitários.”
……….

(18) Os discípulos disseram a Jesus: “Dize-nos como será o nosso fim.”
Jesus disse: “Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que tomar seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte.”
………

(20) Os discípulos disseram a Jesus: “Dize-nos a que se assemelha o reino do céu.” Ele lhes disse: “Ele se assemelha a uma semente de mostarda, a menor de todas as sementes. Mas, quando cai em terra cultivada, produz uma grande planta e torna-se um refúgio para as aves do céu.”
………….

(22) Jesus viu crianças sendo amamentadas. Ele disse a seus discípulos: “Esses pequeninos que mamam são como aqueles que entram no Reino.” Eles lhe disseram: Nós também, como crianças, entraremos no Reino?” Jesus lhes disse: “Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).
……….
(102) Jesus disse: “Ai dos fariseus, porque eles são como um cachorro dormindo na manjedoura dos bois, pois eles não comem nem permitem que os bois comam.”

(103) Jesus disse: “Feliz do homem que sabe por onde os ladrões vão entrar, porque dessa forma [ele] pode se levantar, passar em revista seu domínio e armar-se antes deles invadirem”.
………..
(106) Jesus disse: “Quando fizerdes de dois, um, vos tornareis filhos do homem, e quando disserdes: ‘Montanha, move-te!’, ela se moverá”.

(107) Jesus disse: “O Reino é como um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas, a maior de todas, extraviou-se. Ele deixou as noventa e nove e foi procurá-la, até encontrá-la. Depois de ter passado por todo esse incômodo, ele disse à ovelha: ‘Eu me interesso por ti mais do que pelas noventa e nove’”.

(108) Jesus disse: “Quem beber de minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas”.

…………(110) Jesus disse: “Quem encontrou o mundo e tornou-se rico, que renuncie ao mundo”.

(111) Jesus disse: “Os céus e a terra se dobrarão diante de vós. E aquele que vive do Vivo não conhecerá a morte. Jesus não disse: ‘Quem se encontra é superior ao mundo?’”

(112) Jesus disse: “Ai da carne que depende da alma; ai da alma que depende da carne”.

(113) Seus discípulos disseram-lhe: “Quando virá o Reino?”

“Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer: ‘eis que ele está aqui’ ou ‘eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra e os homens não o vêem.”

(114) Simão Pedro disse-lhes: “Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida”.
Jesus disse: “Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós, machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu”.

]]>
O GNOSTICISMO DOS CÁTAROS DA CIDADE DE ALBI https://rumoaluz.com.br/o-gnosticismo-dos-cataros-da-cidade-de-albi/ Mon, 08 Jul 2024 22:07:38 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=856 A CRUZADA CONTRA CÁTAROS OU ALBIGENSES

A seita dos albigenses ou cátaros surgiu no séc. XI na Provença, em torno da cidade de Albi, como movimento regional de oposição à dominação econômica e religiosa dos senhores feudais francos. A seita Cátara não pode ser considerada propriamente uma heresia cristã. Foi, antes, o ressurgimento do Maniqueísmo na Europa – doutrina originária da Pérsia, influenciada pelo gnosticismo e docetismo. Baseados nos princípios maniqueístas do Bem e do Mal, os albigenses pregavam o ascetismo e o despojamento dos bens materiais. Eram chamados de Cátaros em razão de uma palavra grega que significava purificados e, às vezes, de albigenses, em razão de sua preponderância na cidade de Albi, na França Meridional. O culto teve seu surgimento mais notável na Europa Ocidental do séc. XII.  A doutrina do catarismo derivou da velha concepção religiosa persa de um dualismo entre os espíritos do bem e do mal. De acordo com essa concepção, dois poderes ou princípios cósmicos estavam envolvidos em gigantesca luta em todo o universo. Um era o princípio do bem, identificado com o reino do espírito. O outro era o princípio do mal, identificado com o mundo material. Sua luta se reproduzia na existência de cada ser humano, pois a alma do homem pertencia à força do bem, ao passo que o corpo humano era posse da força do mal. Essa doutrina implicava uma ética da mais austera renúncia da carne. Em rigorosa lógica, o suicídio seria a mais meritória das ações humanas, representando o completo triunfo do espírito sobre a carne. No ápice do movimento, que se verificou no início do séc. XIII, os cátaros tinham uma completa organização, com padres e bispos. Mas seu clero não formava uma casta rigidamente separada, acima dos leigos. Entre os cátaros o transe mediúnico era chamado de consolamentum. Condenavam a Igreja Católica que atribuiu a divindade e a humanidade a Jesus; adotaram o docetismo (corpo fluídico de Jesus) repudiavam o culto dos santos e a adoração de imagens; rejeitavam o Antigo testamento, só aceitando os Evangelhos em tradução para o provençal e com interpretação diferente da católica. Apoiada pelos nobres provençais, considerada herética pela Igreja, expandiu-se por todo o sul da França, dos Alpes aos Pirineus, e provocou reação da Igreja e dos senhores feudais, que, com o apoio do papado, organizaram em 1209 uma cruzada de aproximadamente 500.000 participantes.  . A seita albigense foi definitivamente extirpada em meados do séc. XIII.

NOTA DO BLOG

Sobre o referido assunto (corpo  fluídico de JESUS) recomendamos a leitura no ANEXO I o ENSAIO DO BLOG contendo o livro O CORPO DE JESUS,  em 3 partes uma delas contendo trechos de ‘’3 ESPIRITOS DE LUZ  REVELAM A NATUREZA DO CORPO DE JESUS”

]]>
 ESPIRITISMO E FILOSOFIA https://rumoaluz.com.br/espiritismo-e-filosofia/ Mon, 08 Jul 2024 22:03:49 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=853 Entrevista

Instituto de Divulgação Espírita ALLAN KARDEC – https://www.ideak.com.br/blog/o-espiritismo-e-a-filosofia

Mayara Paz (FEB) e Yoko Teles (FEB) entrevistam Cosme Massi* (IDEAK — Kardecpédia e KARDEC Play).

Entrevista gravada como o 25.o episódio do Podcast “O Espiritismo em Pauta”, da Federação Espírita Brasileira, com o título “O Espiritismo e a Filosofia”.

Este Podcast é uma produção da Federação Espírita Brasileira, e pode ser ouvido em https://febpodcast.com.br/podcasts/espiritismo-em-pauta. O Espiritismo em pauta: o olhar do Espiritismo sobre o seu cotidiano.

Transcrição de Rui Gomes Carneiro.
Yoko Teles. — Allan Kardec, em sua obra “O que é o Espiritismo?”, sintetiza a doutrina espírita no seguinte pensamento:

“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos. Como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.”

A filosofia, um dos três vértices basilares do Espiritismo, nos propicia expandir e quebrar paradigmas, além da reflexão diária necessária para ressignificarmos a vivência na Terra. Para essa reflexão sobre o aspecto filosófico da doutrina dos Espíritos, trouxemos o nosso convidado especial de hoje para um bate-papo: o palestrante e estudioso Cosme Massi. Seja muito bem-vindo, Cosme!

Cosme Massi. — Obrigado, Yoko! É uma alegria estar aqui com vocês para conversarmos sobre o Espiritismo.

Mayara Paz. — Na edição de junho de 1862 da “Revista espírita”, Kardec publicou o texto “O Espiritismo filosófico”, psicografia, pela sr.a Collignon, do Espírito Bernardin, onde tece provocações sobre a filosofia, a moral e a doutrina dos Espíritos. Nele, Kardec comenta:

“A filosofia não é uma negação das leis estabelecidas pela Divindade; é a busca do que é sábio, do que é o mais exatamente razoável. E o que pode ser mais sábio, mais razoável, que o amor, e o reconhecimento que se deve ao seu criador?”

Cosme, podemos, assim, dizer que o Espiritismo é considerado uma filosofia?

Cosme Massi. — Não tenha dúvida. Aliás, como foi lido inicialmente, no próprio “O que é o Espiritismo?”, Allan Kardec deixa isso de forma muito clara. Ele diz que a parte filosófica estuda as consequências das relações entre os homens e os Espíritos, relações essas que foram estabelecidas pela ciência espírita. Aqui vale a pena uma observação que é muito importante. Quando se diz que o Espiritismo é uma filosofia, não se pode confundi-lo com um sistema filosófico, do tipo do sistema de Kant, ou de Hegel. O Espiritismo não é um sistema filosófico, como, às vezes, algumas pessoas poderiam pensar. Kardec foi muito lúcido em dizer que a filosofia espírita surge como consequências morais dos estudos da ciência espírita. Isso significa o seguinte, para a gente explicar de uma forma bem simples: o Espiritismo é uma espécie de uma filosofia de uma ciência — e não filosofia da ciência; muito cuidado. Filosofia da ciência é um ramo da filosofia que discute o próprio conceito de ciência, de método científico, de conhecimento científico. Filosofia de uma ciência são reflexões filosóficas a partir daquilo que uma ciência apresenta na sua teoria, baseada na experimentação.

Então, quando Allan Kardec estuda os fenômenos espíritas, a partir desses fenômenos espíritas ele cria a filosofia espírita: a partir dessa interação com os Espíritos. E analisando essa ciência, essas leis que regulam a vida na vida dos Espíritos e suas interações com os homens, nascem, então, consequências filosóficas desse estudo dessa ciência. Então é algo muito parecido com o que é hoje, por exemplo, a filosofia da física, em que se extraem consequências filosóficas daquilo que a física apresenta. Então o Espiritismo é, sim, uma filosofia, mas deve ser entendido como uma filosofia apoiada na ciência espírita. Não se trata de uma filosofia especulativa em que indivíduo, sozinho, raciocina e vai criando o seu sistema; não é isso, não se trata desse sentido de filosofia, que é aquele que encontramos em Kant, em Descartes, em Hegel: essa reflexão racional pura e simples. Não; o Espiritismo é o uso da razão baseada na ciência espírita. Só se pode, portanto, falar de uma filosofia espírita a partir da própria ciência espírita. Por isso essa definição primorosa de Allan Kardec, que foi lida aqui no começo, dizendo que ela consiste nas consequências morais que surgem dos estudos que a ciência espírita apresenta. Então, o Espiritismo é, sim, uma filosofia, mas muito mais uma filosofia de uma ciência do que, propriamente, um sistema filosófico.

Yoko Teles. — Cosme, ao longo da história da humanidade, diversas teorias foram formuladas para descobrir, ou indicar o caminho para o homem, a partir do pensamento filosófico, como você apresentou para a gente agora, não é? Entende-se como filosofia a busca por compreender as viciscitudes da alma, sua natureza, suas faculdades: enfim, sua origem e seu destino. Então, nesse sentido, como a filosofia espírita contribui para a formação do homem de bem?

Cosme Massi. — Veja, quando nós falamos no homem de bem, pressupomos que esse “bem” seja aquilo que corresponde às leis naturais. Então, comportar-se como um homem de bem é comportar-se segundo leis naturais. E aí está uma diferença muito importante entre a chamada moral (ou ética) espírita e a moral (ou ética) de muitas outras doutrinas, sejam elas religiosas ou filosóficas. Se nós olharmos, por exemplo, a moral do Novo Testamento, apresentada por Jesus, perceberemos que ela foi apresentada com a autoridade do próprio Cristo; ela está apoiada na autoridade de uma pessoa. Se nós olharmos os sistemas morais que vêm desde a Grécia antiga, de Platão, de Aristóteles, eles também estão apoiados em uma pessoa, que apresentou seus pensamentos, seus argumentos. Não é assim que a moral espírita surgiu. Ela foi apoiada na ciência espírita. A partir do momento em que os Espíritos se manifestaram, e o fenômeno espírita se colocou, e Kardec e os Espíritos deram a explicação desse fenômeno, foi possível disso extrair uma ética que regula a conduta dos Espíritos — encarnados, os homens, e dos próprios Espíritos desencarnados.

Então essa ética surgiu da ciência espírita e tem apoio nas leis naturais e não na autoridade, o que é muito diferente. Você pode duvidar da autoridade de um livro ou da autoridade dessa ou daquela pessoa. Você pode cogitar uma outra proposta. Já com o Espiritismo, não; a ética espírita nasce a partir daquilo que representa, verdadeiramente, a vida após a morte. Então, para você saber que a virtude e a caridade são fundamentais para a felicidade da alma após a morte, você não precisa acreditar nisso; você pode conversar com os Espíritos que estão vivendo no mundo espiritual, e eles vão relatar os efeitos de quando você vive a lei de amor e caridade, e os efeitos de quando você não pratica a lei de amor e caridade. Então, são leis naturais, que regulam a felicidade do Espírito; não são leis baseadas numa autoridade. O apoio são os fatos da vida do próprio Espírito. Com isso, o homem de bem que estuda o Espiritismo vai encontrar um suporte racional muito forte para continuar vivendo a lei de amor e caridade, para continuar sendo um homem de bem, porque ele sabe, agora, que ele tem o apoio dos fatos, que os Espíritos relatam. Então não é só uma questão de autoridade; é muito mais do que autoridade: são o suporte e o apoio da lei natural.

É assim que Kardec vai, em uma obra admirável, que é a “Viagem espírita em 1862”, no seu diálogo terceiro (e o recomendo àqueles que queiram aprofundar a temática), falar da importância da caridade, como essa lei que vai fazer as transformações sociais. Mas ele vai dizer que a caridade tem que estar apoiada em uma crença sólida, pois, se não, as pessoas não vão praticar a caridade. Imagina, você falar para um materialista, que acredita que a vida acaba com a morte, que ele deve praticar a caridade, renunciar a benefício dos outros, amar o próximo desinteressadamente, fazer o bem. . . Ele não vai ter uma razão para isso. Agora, no momento em que você tem uma crença sólida, que prova que a vida continua, que tudo que a gente vive e faz tem consequências, seja na vida após a morte, seja em encarnações futuras, o homem vai pensar duas vezes; vai perceber que não se trata de uma proposta moral de autoridade, mas se trata de uma lei científica, uma lei moral logicamente dedutível de leis científicas. Então ele vai pensar duas vezes. Ele sabe que não vai escapar dessa lei natural; ele vai fazer todo esforço para vencer a si próprio, porque ele sabe, e não apenas imagina, que ao fazer isso ele estará construindo um mundo melhor. Então, o homem de bem passa a ter um argumento muito importante para ser homem de bem e se esforçar permanentemente na prática da lei de amor e caridade, já que essa lei agora tem um fundamento na ciência espírita, e não apenas na autoridade. Está bem?

Mayara Paz. — Estudo, caridade. . . Eu fui anotanto aqui, Cosme. . . Leis naturais, ciência. . . Excelente explicação. Estou aprendendo muito, viu?! Cosme, na obra “O que é o Espiritismo?”, Kardec nos aponta que somente com a percepção e observação da fenomenologia das mesas girantes foi possível introduzir, de forma metodológica, a doutrina filosófica e a ciência espíritas, como ferramentas de compreensão e aprofundamento do pensamento dos Espíritos. Segue-se o comentário:

“Há duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações, e a doutrina filosófica.”

Pensando, então, Cosme, no tríplice aspecto da doutrina, como a ciência e a filosofia se conectam com a religião?

Cosme Massi. — Veja. Allan Kardec responde a essa questão de maneira admirável na Revista espírita, em dezembro de 1868, em um artigo extraordinário sobre a comunhão de pensamentos. Ele trata do uso da palavra “religião” para o Espiritismo. Você verifica, naquela leitura da definição que Allan Kardec dá no preâmbulo de “O que é o Espiritismo?”, que ele coloca o Espiritismo como ciência e como filosofia. Lá naquele artigo, ele diz que você pode usar a palavra “religião” para o Espiritismo se você usar a palavra no sentido filosófico, que ele vai bem explicar. Por que se você olha a palavra no sentido usual, ou no sentido teológico, você vai ver que o Espiritismo não poderia ser uma religião. As religiões têm dogmas, têm rituais, têm práticas exteriores de adoração e culto, têm sacerdotes, têm hierarquia sacerdotal. Então ele não pode ser uma religião no mesmo sentido em que o Catolicismo e o Protestantismo são religiões. Então, Kardec vai explicar, o Espiritismo é uma religião no sentido filosófico do termo, significando religar, ligar os homens entre si, numa comunhão de pensamentos. É um laço, diz Kardec. Que laço é esse? Como ele se constitui? Ele se constitui pela caridade, pelo sentimento de amor, por essas leis naturais e morais que o Espiritismo apresenta; que permitem ao homem ter uma vida de felicidade e uma ligação com Deus, ao mesmo tempo. (O DESTAQUE É NOSSO)

Como essas são leis naturais, que foram elaboradas pelo próprio Deus (o homem apenas as descobre; elas estão na natureza), e essas leis regulam a vida da alma, os homens, ao entrarem em comunhão pela prática do amor e da caridade, entram em comunhão com o próprio Criador, com Deus. Então aí nós temos esse laço profundo, que constitui uma religião, nesse sentido filosófico, e não no sentido usual ou teológico.
(acompanhe o restante da entrevista no endereço do INSTITUTO DE DIVILGAÇÃO ESPIRITA https://www.ideak.com.br/blog/o-espiritismo-e-a-filosofia

NOTA DO BLOG Veja no segmento RELIGIÃO o discurso de KARDEC de 1º de novembro de 1868 (4 meses antes de desencarnar|) onde ele explica binômio ESPIRITISMO/RELIGIÃO, trecho destacado acima.

]]>
A REALIDADE E OS SEUS NÍVEIS: DO ILUSÓRIO AO MATERIAL https://rumoaluz.com.br/a-realidade-e-os-seus-niveis-do-ilusorio-ao-material-2/ Mon, 08 Jul 2024 21:50:05 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=844 (artigo publicado na REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO – outubro de 2003, pg 456)

A REALIDADE VIRTUAL DE ‘’MATRIX’’

Quem já assistiu os dois primeiros filmes da trilogia, já sabe que “Matrix” é uma ficção científica que conta a saga de um grupo de revoltosos humanos que questiona a natureza da realidade dos eventos que regem a vida humana no mundo. Isso porque descobriram que há muito tempo a Terra houvera sido dominada pelas máquinas, onde a humanidade, subjugada e explorada, dorme e, literalmente, vive de sonhos. Assim, toda a humanidade hiberna, conectada a um megacomputador central, que faz com que as pessoas tomem como reais as experiências vivenciadas em uma realidade virtual (1), criada pela máquina. E os revoltosos, tendo se libertado dessa artificialidade, passam a viver no mundo tridimensional, combatendo as máquinas e tentando abrir os olhos da humanidade para a verdade, de modo a convencê-la da ilusão que caracteriza o mundo em que habita, ainda que o mesmo possa enganosamente proporcionar-lhe prazer e felicidade.

Tanto o produtor como os diretores do filme não negam a influência do budismo em alguns dos conceitos ali expendidos, gerando muita curiosidade, principalmente por parte dos jovens.
De nossa parte, aproveitando esse ensejo, procuraremos mostrar, dentro das limitações deste despretensioso trabalho, que esses conceitos integram várias doutrinas filosóficas e correntes do pensamento que há milênios buscam conhecer a verdade.

O mesmo ocorre com o cristianismo e a doutrina espírita, sendo que, em relação a esta última, o testemunho e as revelações de entidades espirituais de escol fazem mais do que simplesmente corroborar, explicam e justificam as conclusões a que chegaram as correntes que a precederam na história do Homem na Terra.
Inspirou-nos em nosso escopo o ensino de ALLAN KARDEC sobre essa temática: ”As grandes idéias não aparecem nunca de súbito. As que têm a verdade por base contam sempre com precursores, que lhes prepararam parcialmente o caminho …”.(2)

BUDISMO: OS EFEITOS DA ”IMPERMANÊNCIA”

Nos preceitos budistas encontramos o alerta de que o mundo em que vivemos tem como característica básica a impermanência. Com efeito, ensina o budismo que a impermanência é uma lei eterna e universal. Assim sendo, nossos sentidos e os seus objetos, vale dizer, toda a matéria de que o mundo é formado é impermanente. Por essa razão, concluem seus seguidores que: se soubessemos que os sentidos e os objetos são impermanentes, não nos frustraríamos tanto apegando-nos a uma coisa. “É esse apego aos sentidos e seus objetos, (…) impermanentes, que gera o insatisfatório nas nossas vidas. (Entretanto) não fique preocupado pois essa situação desagradável é tão impermanente quanto a situação agradável que você acaba de perder.” (3)

BRAMANISMO E HINDUÍSMO: A HUMANIDADE VIVE EM ”MAYA”
Essa visão dicotômica da realidade – distinguindo o mundo real do ilusório – é também encontrada nos milenares textos vedas e ‘’upanishads’’ : conjunto de hinos, formas sacrificiais, encantamentos e receitas mágicas que constituem o fundamento da tradição religiosa do bramanismo e do hinduísmo .
Dali se extrai a orientação: “não se apegue às coisas deste mundo porque tudo nele é ‘’maya’’ (do sânscrito: ilusão).(4)

SÓCRATES E PLATÃO: ”O MUNDO MATERIAL” E O ”MUNDO DAS IDÉIAS”

Dentro do eterno processo de autoconsciência do Homem essa forma de encarar a realidade não é exclusiva dos pensadores orientais. Tal vem ocorrendo no mundo ocidental há milênios. Assim, encontramos na Grécia Antiga a filosofia de Sócrates, (470-399 a. C.), o qual, juntamente com seu discípulo Platão ( 429-347 a. C.), legou-nos importantes conceitos, encontrados posteriormente no cristianismo e na doutrina espírita, conforme nos mostra ALLAN KARDEC na INTRODUÇÃO ao ‘’Evangelho Segundo o Espiritismo’’.

Assinalou o mestre de Lyon que, para Sócrates o homem é uma alma encarnada, proveniente de outro plano existencial por ele designado como “o mundo das idéias, e ”do verdadeiro, do bem e do belo” e que, por isso, quando em contato com as coisas do mundo material a alma encarnada ” se confunde e se perturba quando se serve do corpo para considerar algum objeto…”, ao passo que quando em contato com o mundo das idéias, a alma ”contempla a própria essência, ela se volta para o que é puro, eterno, imortal…” (5).

Com efeito, segundo Sócrates, não sendo as verdades originárias do mundo material em que vivemos, mas sim do intangível mundo das idéias, cumpre ao filósofo (do grego filos=amigo + sofos=sabedoria), trazê-las para o mundo material, como quem “dá à luz” no trabalho do parto. Por essa razão, deu a esse processo, que consiste em extrair idéias e conclusões por meio de perguntas, o nome de sua mãe: Maiêutica.

Para ilustrar a diversidade existente entre as verdades eternas, que regem esse mundo das idéias, e as ilusões e falsidades a que se submete a humanidade no mundo material ou mundo das aparências, Platão idealizou na sua obra ‘’A República’’(6), a ‘’Alegoria da Caverna”. Trata-se de longa narrativa, aqui adaptada em apertada síntese, onde ensina que tudo se opera neste mundo como se a humanidade tivesse nascido e se desenvolvido agrilhoada em frente a um paredão localizado no fundo de uma caverna e de costas para a entrada desta.

Assim, o clarão de uma fogueira que fosse acesa às suas costas, ou a luz do Sol quando passasse em frente à entrada da caverna projetariam no referido paredão a sombra dos homens. Para estes, estando sempre de costas para a abertura e impossibilitados de mover a cabeça, a única realidade conhecida seria aquela composta de sombras. Na visão de Platão filósofos são aqueles homens que, não acreditando naquela falsa realidade, reúnem forças para vencer a distância até a abertura da caverna e, ali chegando descortinarem, maravilhados, o mundo exterior, não sem antes lutarem contra o ofuscamento até adaptar sua visão. Pois bem, de posse desses novos conhecimentos, buscam os filósofos dividir sua descoberta com o resto da humanidade. Assim, retornam penosamente para o fundo da caverna e tentam convencer os homens a respeito da nova revelação. Mas sofrem perseguições e incompreensões por parte dos que preferem continuar vivendo na ilusão e na ignorância, presos à falsa realidade do seu mundo.

Trata-se, como se vê, de ocorrência que reflete o comportamento dos homens desde sempre.
Registre-se, a propósito, que nosso querido EMMANUEL, o ilustrado mentor de Chico Xavier, no Prefácio do livro ‘’LIBERTAÇÃO” (7) legou-nos a adorável estória do peixinho vermelho, inspirada em antiga lenda egípcia, que muito se assemelha à ‘’Alegoria da Caverna” de Platão.

JESUS-CRISTO: ”O REINO DOS CÉUS” E A ”VIDA FUTURA”

Nestas condições, pode-se dizer que o conceito de ”mundo das idéias” de Sócrates/Platão sintoniza-se perfeitamente com o sentido atribuído por JESUS às expressões – “o reino dos céus” e “vida futura” -, por Ele ensinadas.

Assim é que, indagado por seus discípulos por que razão expressava-se por meio de parábolas, JESUS explicou: “É porque para vós outros foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas para eles não lhes foi dado …”(Mateus XIII, v. 10 a 14).

Com efeito, pode-se dizer que “o reino dos Céus” e a “ vida futura” são sítios arquetípicos cujo acesso não está reservado exclusivamente ao iniciado, ao hierofante ou ao asceta. Destina-se, preferencialmente, segundo JESUS aos simples e humildes: “Eu vos rendo glória, meu Pai, senhor do céu e da terra, por haver ocultado essas coisas aos sábios e prudentes, e por as haver revelado aos simples e aos pequenos ” (Mateus, XI, v. 25). De fato, interpretando essa passagem explica ALLAN KARDEC que Deus deixa aos sábios ”a busca dos segredos da Terra e revela os do céu aos mais simples e aos humildes, que se inclinam diante Dele”(8).

ALLAN KARDEC: ”VIDA FUTURA”, UMA REALIDADE MATERIAL

Por outro lado, ao comentar a famosa resposta de JESUS a Pilatos “meu Reino não é desse mundo”, (João, XVIII, v. 33-37) o mestre lionês assim se manifestou: ”… por essas palavras, Jesus designa claramente a vida futura… Esse dogma pode, pois, ser considerado como ponto central do ensinamento do Cristo, por isso está colocado como um dos primeiros nesta obra, porque deve ser a meta de todos os homens…” (9) .
Mais adiante, aduz : “Com o Espiritismo a vida futura não é mais um simples artigo de fé ou simples hipótese. É uma realidade material, provada pelos fatos. Porque são as testemunhas oculares que a vêm descrever em todas as suas fases e peripécias…” (9) .

A VERDADEIRA VIDA, NA PÁTRIA ESPIRITUAL

Finalizamos este trabalho reproduzindo parte do comentário de KARDEC à máxima “Deixai os mortos o cuidado de enterrar seus mortos”(Lucas, IX, 59,60), onde este enfatiza o dogma da dimensão extra-física e a realidade da pátria espiritual ensinada por JESUS, em oposição à realidade ilusória do mundo fisico: “A vida espiritual é realmente, a verdadeira vida, é a vida normal do espírito. Sua existência terrena é transitória e passageira, uma espécie de morte se comparada ao esplendor e à atividade da vida espiritual. O corpo é uma veste grosseira que envolve temporariamente o Espirito, verdadeira cadeia que o prende à gleba da Terra e da qual ele se sente feliz de libertar-se. … (JESUS ensinou, dizendo:) Não vos inquietais com o corpo, mas pensai antes no Espírito, ide ensinar o reino de Deus, ide dizer aos homens que sua pátria não está na Terra mas no céu, porque lá somente está a verdadeira vida.” (10).
Notas Explicativas

REALIDADE VIRTUAL: “ um ambiente gráfico de aparência realística, no qual o espectador pode se locomover em três dimensões. Nele, objetos imaginários, criados por soft-ware, podem ser sentidos e manipulados’’ .

(in REVISTA INFORMÉDICO 11.05.2003 DO NÚCLEO DE INFORMÁTICA BIOMÉDICA DA Universidade Estadual de Campinas).

(Ver também ‘’UMA INTRODUÇÃO À REALIDADE VIRTUAL’’ Grupo de Realidade Virtual PUCRGS – Grupo de Pesquisa em Realidade Virtual UFSCAR – www.di.ufepe.br).

ALLAN KARDEC na Introdução ao ‘’Evangelho Segundo o Espiritismo’’ tradução de J. HERCULANO PIRES – EDICEL – 1ª edição, 1985, pág. 17.

Monge budista BHANTE HENEPOLA GUNARATANA no artigo: ‘’ Qual a utilidade da compreensão da Impermanência?” (www.theravada/bhante.htm)

No hinduísmo a Natureza material é considerada reflexo de Maya, que significa o irreal, ilusório, ou a enganadora imagem da realidade “ Diz-se que o Senhor criou Maya que nos engana e nos controla.” (www.gita-society.com)

ALLAN KARDEC op.cit “Resumo da Doutrina de Sócrates e de Platão” pág. 19

A Republica ( http:/plato.evansville.edu/jowet/republic )

LIBERTAÇÃO, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de André Luiz – Federação Espírita Brasileira – 17ª edição. O Prefácio de Emmanuel narra, em síntese, os percalços experimentados por um peixinho vermelho que, vivendo com outros peixes, estes gordos e bem tratados, confinados a um lago de um belo jardim, descobre uma estreita saída e após muitas peripécias, alcança a liberdade do mundo externo. Desejando dividir sua descoberta de um mundo maior e melhor com os seus semelhantes, retorna ao lago de origem, onde a novidade é recebida ora com desconfiança, ora com desprezo por aqueles que, ”pachorrentos e vaidosos” e acomodados à vida fácil e à comilança, recusam-se a crer nesse ‘’outro mundo’’ ou a esforçar-se para adequar seus imensos corpos ao tamanho da estreita passagem para a liberdade. Triste, o peixinho segue o seu destino para as alegrias do mundo exterior, enquanto que os seus amigos, algum tempo mais tarde, não sobrevivem à uma devastadora seca que destrói o lago .

ALLAN KARDEC op. cit. – Capítulo VII, item 8: “ Mistérios ocultos aos sábios e aos prudentes” pág. 94.

ALLAN KARDEC op. cit. – Capítulo II, item 2: “Meu reino não é deste mundo” pág 35.

ALLAN KARDEC op. cit. – Capítulo XXIII, item 8 “Deixai os mortos o cuidado de enterrar seus mortos” pág. 254.

]]>
JESUS E O ESPÍRITO DA VERDADE https://rumoaluz.com.br/jesus-e-o-espirito-da-verdade/ Fri, 05 Jul 2024 19:19:17 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=676 AQUI VAI MAIS UM TEXTO QUE REPRODUZ ARTIGO SOBRE O ASSUNTO ‘’ESPÍRITO DA VERDADE’’

ATENÇÃO    SUBLINHAMOS TRECHOS IMPORTANTES

Publicado na Revista Internacional de Espiritismo, jan./2000.

(Publicado no Boletim GEAE Número 414 de 3 de abril de 2001)

Enviado em 24/06/2015 | Escrito por Fernando A

TRECHOS

“O Espírito Santo é a falange dos Emissários da Previdência que superintende os grandes movimentos da Humanidade na Terra e no Plano Espiritual.”

(Francisco Cândido Xavier, Valdo Vieira: O Espírito da Verdade; p/ vários Espíritos; FEB,  

8ª Ed..

Pg. 386, nº 37: “Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera.(…) prevê não só que ficaria esquecido, como também que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o Espírito de
Verdade viria tudo lembrar e, de combinação com Elias, restabelecer todas a coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro pensamento de seus ensinos.”

NOTA 1:  JESUS e seus discípulos sabiam que ELIAS  reencarnara na personalidade de JOÃO BATISTA. E claramente Jesus  visualizava o futuro  quando referiu-se ao’Elias que há de vir’’  .

pg. 387, n º 38 e 39;

“…indício seguro de que o Enviado ainda não aparecera. Qual deverá ser esse enviado? Dizendo: “Pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador”, Jesus claramente indica que esse Consolador não seria ele, pois, do contrário dissera: “Voltarei a completar o que vos tenho ensinado.” Não só tal não disse, como acrescentou: Afim de que fique eternamente convosco e ele estará em vos.

Esta proposição não poderia referir-se a uma individualidade encarnada (…)
O Consolador
 é pois segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade.”

Com essas palavras, “Jesus claramente indica que esse Consolador não seria ele“, são palavras de Allan Kardec, são do codificador. pág. 387; n º 40: “O Espiritismo realiza, como ficou demonstrado (cap. I, n º 30), todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida.”(grifo nosso)

Em Prolegômenos (L.E. pág. 50): “Este livro é o repositório de seus ensinos(dos Espíritos). Foi escrito por ordem e mediante o ditado dos Espíritos superiores(…):mas todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento o do amor, do bem(…)” “São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito da Verdade(o grifo é nosso), Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, etc., etc.” Seria o mesmo que dizer: “Sigam os princípios de Jesus! (assinado) Jesus.”

Das Obras Básicas participam, com comunicações, mais de cinquenta Espíritos com mais de cem mensagens. O Espírito de S. Luís colabora com dezesseis; o de Espírito Santo Agostinho, com onze ; o Espírito Protetor com oito e assim por diante; o Espírito de Verdade com oito mensagens, usando as denominações: Espírito da Verdade, Espírito-Verdade ou na grande maioria das vezes, Espírito de Verdade.

Apesar da incontestável beleza da mensagem, reconhecida por todos, a supressão desses segmentos, retira algumas afirmações , entre as quais a de que, Jesus nunca se disse nosso juiz, nem estabeleceu nenhuma justiça crística, reconhecendo uma única justiça divina. Caso Kardec estivesse convencido, o que duvido, que a mensagem era mesmo de Jesus, que autoridade teria para suprimir trechos e mudar ou esconder sua autoria?

Além disso, continuando a análise da mensagem, a conclamação: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensino; instrui-vos, eis o segundo”, demonstraria a natureza doméstica da mensagem, dirigida a um grupo de espíritas reunidos, ou em caso contrário conceder-nos-ia um privilégio, que nenhum Espírito de conscientização universal o faria, pois direcionaria a Terceira Revelação só para os espíritas. Porque, “(…) toda doutrina que tiver por efeito estabelecer uma linha de separação entre os filhos de Deus, não pode deixar de ser falsa e perniciosa.”(L.E. parte 2 ª: cap. X; pág. 287, perg.842). Além do mais não faria o menor sentido, seria totalmente incoerente, a mesma representatividade, ora se assinar como Jesus e outras vezes como Espírito de Verdade, isto é, ser incógnito e declarado ao mesmo tempo.

Talvez tenha havido a interferência de algum problema mediúnico, ao fim da comunicação, como aconteceu nas duas mensagens ditas de Jesus e publicadas no L.M. (cap. XXXI: pg 474). Mais ainda, comparando em sequência a mensagem supracitada com a do L.M. (cap. XXXI; pág. 456: n º XV), por exemplo, fica difícil acreditar que se trate do mesmo Espírito. (…..)

Assim o Espírito Santo, embora figurando uma coletividade, bem pode se afirmar tratar-se de uma entidade individual, tal a identidade entre as grandezas espirituais que os Espíritos apresentam.

Completa ainda Herculano Pires: “O que o Espiritismo busca é a verdade cristã, cumprindo na Terra a promessa de Jesus, que através de Kardec, e seu guia Espiritual, o Espírito superior que deu a Kardec, quando este perguntou quem era, esta resposta simples: “Para você eu sou A Verdade.”(Herculano Pires; O Centro Espírita.). Distingue ele, pois, Jesus, Kardec e o seu Espírito protetor, o Espírito de Verdade.

Diz ainda Kardec (Obras Póstumas; pág. 276 ) “A proteção desse Espírito cuja elevação bem longe estava então de avaliar, nunca me faltou.” E ainda à pág. 275 Kardec pergunta: “Terás animado na Terra alguma personagem conhecida?”

R.- Já te disse que, para ti, sou a Verdade; isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberás a respeito” (o último grifo é nosso)

Nota-se aí a nítida intenção de Kardec e do Espírito superior em não revelar a identidade do Espírito.

Ora se Jesus, Kardec e seu protetor, o Espírito de Verdade, não tiveram este propósito, quem poderá fazê-lo? Enfim, dar identidade aos Espíritos, querendo suplantar lhes o desejo de permanecer incógnitos é mergulhar num processo de adivinhação, quase sempre fadado ao erro, desrespeitando-os. O mais valioso da Terceira Revelação não foi colocar em evidência o revelador, mas a REVELAÇÃO, que é de origem divina.; o importante não foi revelar o Espírito, mas a VERDADE, e o Espírito da Verdade está presente em toda a obra da Codificação.

]]>
O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO? https://rumoaluz.com.br/o-espiritismo-e-uma-religiao/ Fri, 05 Jul 2024 18:33:31 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=658 Se for assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! (O DESTAQUE É NOSSO)

No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? (O DESTAQUE É NOSSO)

Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.

Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.

As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia.

Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade.

A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade.
Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário.

O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência.
(…………………)

Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é palavra vã; é a caridade do verdadeiro espírita, como do verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: Fora da caridade não há salvação, pronuncia sua própria condenação, tanto neste quanto no outro mundo.
(………………..)

Eis o Credo, a religião do Espiritismo, (O DESTAQUE É NOSSO)

CREDO ESPÍRITA

Crer num Deus Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificação do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente com a perfeição; na equitativa remuneração do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada à da imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível; na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, em vista de um futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, em palavras e obras na mais larga acepção do termo; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando toda imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre-exame e da razão, e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas descobertas da Ciência, a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, (O DESTAQUE É NOSSO) religião que pode conciliar-se com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.

Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz e se pouparão males inumeráveis, que nascem da discórdia, por sua vez filha do orgulho, do egoísmo, da ambição, da inveja e de todas as imperfeições da Humanidade. O Espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para a sua felicidade aqui na Terra, porque lhes ensina a se contentarem com o que têm. Que os espíritas sejam, pois, os primeiros a aproveitar os benefícios que ele traz, e que inaugurem entre si o reino da harmonia, que resplandecerá nas gerações futuras.

Os Espíritos que nos cercam aqui são inumeráveis, atraídos pelo objetivo que nos propusemos ao nos reunirmos, a fim de dar aos nossos pensamentos a força que nasce da união. Ofereçamos aos que nos são caros uma boa lembrança e o penhor de nossa afeição, encorajamentos e consolações aos que deles necessitem. Façamos de modo que cada um recolha a sua parte dos sentimentos de caridade benevolente, de que estivermos animados, e que esta reunião dê os frutos que todos têm o direito de esperar.’’

Allan Kardec

]]>
  10 ANOS  MAIS TARDE, EM 1868,  KARDEC AFIRMA: O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO https://rumoaluz.com.br/10-anos-mais-tarde-em-1868-kardec-afirma-o-espiritismo-e-uma-religiao/ Fri, 05 Jul 2024 18:26:51 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=656 Fonte :
PORTAL IPEAK Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec – http://www.ipeak.net

DISCURSO PROFERIDO NA SESSÃO ANUAL
COMEMORATIVA DO DIA DOS MORTOS
(SOCIEDADE DE PARIS, 1º DE NOVEMBRO DE 1868)

NOTA DO BLOG

TRATA-SE DE UM DOS ÚLTIMOS DISCURSOS, KARDEC DESENCARNOU NO DIA 25 DE MARÇO DE 1869, 4 MESES APÓS,)

TRECHOS SELECIONADOS DO DISCURSO DE KARDEC
(veja sua íntegra no portal http://www.ipeak.net)

“Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas
reunidas em meu nome, aí estarei com elas.” (S. Mateus, 18:20.)

Caros irmãos e irmãs espíritas,
Estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para darmos àqueles irmãos nossos que deixaram a Terra um testemunho particular de simpatia, para continuarmos as relações de afeição e de fraternidade que existiam entre eles e nós, quando eram vivos, e para invocarmos sobre eles a bondade do Todo-Poderoso.
(…………………)

COMUNHÃO DE PENSAMENTOS

Comunhão de pensamentos! Compreendemos bem todo o alcance desta expressão? Seguramente, até este dia, poucas pessoas dela tinham feito uma ideia completa. O Espiritismo, que nos explica tantas coisas pelas leis que revela, ainda vem explicar a causa e a força dessa situação do espírito.
Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento é uma força; mas uma força puramente moral e abstrata? Não: do contrário não se explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão de pensamento.
(…………………)

Para os espíritas, a comunhão de pensamentos tem um resultado ainda mais especial. Temos visto o efeito desta comunhão de homem a homem; prova-nos o Espiritismo que ele não é menor dos homens aos Espíritos, e reciprocamente.
(…………………)

Sozinho, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade for corroborada por outras vontades poderá resistir, conforme o axioma: A união faz a força, axioma verdadeiro, tanto do ponto de vista moral, quanto do físico.
(…………….)

Graças ao Espiritismo, compreendemos, então, o poder e os efeitos do pensamento coletivo; explicamo-nos melhor o sentimento de bem-estar que se experimenta num meio homogêneo e simpático; mas sabemos, igualmente, que se dá o mesmo com os Espíritos, porque eles também recebem os eflúvios de todos os pensamentos benevolentes que para eles se elevam, como uma nuvem de perfume. Os que são felizes experimentam maior alegria por esse concerto harmonioso; os que sofrem sentem maior alívio.
(…………………)

Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quites com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu para si mesmo.

Por certo não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ações. Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por seus discípulos.
(…………………)

Mas, porque cometeram abusos, porque se afastaram do reto caminho, devemos concluir que não existe o reto caminho e que tudo quanto se abusa seja mau? Não, certamente. Falar assim é desconhecer a fonte e os benefícios da comunhão de pensamentos, que deve ser a essência das assembleias religiosas; é ignorar as causas que a provocam. Concebe-se que os materialistas professem semelhantes ideias, já que em tudo fazem abstração da vida espiritual; mas da parte dos espiritualistas e, melhor ainda, dos espíritas, seria um contrassenso.

(…………………)

Se as assembleias religiosas – falo em geral, sem aludir a nenhum culto – muitas vezes se têm afastado de seu objetivo primitivo principal, que é a comunhão fraterna do pensamento; se o ensino ali ministrado nem sempre tem acompanhado o movimento progressivo da Humanidade, é que os homens não progridem todos ao mesmo tempo.
(…………………)

O QUE É RELIGIÃO

Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé.
(…………………)

O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família.

]]>
O EVANGELHO NO LAR https://rumoaluz.com.br/o-evangelho-no-lar/ Tue, 02 Jul 2024 14:40:57 +0000 https://rumoaluz.com.br/?p=605  A prática regular do Evangelho no Lar

Quando nasceu?

A ideia dessa prática nasceu com Allan Kardec, na “Revista Espírita de 1864”,  onde ele sugeriu uma prece dominical com  a leitura do evangelho.

Idéia aperfeiçoada

Essa idéia foi aperfeiçoada por  Joanna de Ângelis,  para ser feita semanalmente num dia e hora escolhida  foi ela quem descreveu os benefícios do culto cristão no lar, na sua   primeira obra – “Messe de Amor” –, psicografada por Divaldo Franco.

‘’ A Espiritualidade agendará visitas periódicas ao teu lar retirando as más influências e os miasmas que porventura visitantes infelizes tenham deixado e passarão redes magnéticas que retirarão fluídos e irmãos indesejáveis que porventura ali estejam substituindo-os por fluidos de paz e estimulantes bençãos que iluminarão os familiares que ali se apresentem trazendo os corações amargos com os combates da vida. Se os familiares não comparecerem faça sua reunião à noite e convoque seus espíritos para comparecerem trazidos pelos seus Anjos de Guarda’’

]]>