Nota do BLOG:

Finalizando este segmento reproduziremos a seguir trechos do Capítulo 53 – REENCARNES com ênfase nos casos de reencarnações complexas e das reencarnações compulsórias, com esclarecimentos sobre a redução perispiritual que ocorre nas câmaras de restringimento e sobre a natureza do cordão prateado bem como a ação do Modelo Organizador Biológico sobre a formação do feto..

CAPÍTULO 53

REENCARNES

(reprodução parcial)

O reencarne é sempre um acontecimento constrangedor para o Espírito. Habitando um mundo menos denso e agindo com mais liberdade, ele se vê forçado a um mergulho na carne, e condenado ao esquecimento da sua própria história, para recomeçar quase sempre trabalhos incompletos, missões naufragadas.

(…….).

Voltar à carne significa esforço, iniciado bem antes da gestação, quando o candidato a reencarnante planeja com os mentores a busca dos futuros pais. Estes podem ser amigos, inimigos, estranhos à sua vida, pois é essencial que eles (pais e filhos) estejam incursos em uma conjuntura cármica que favoreça a todos, sem trazer prejuízos individuais. Segue-se o planejamento para o novo corpo; a elaboração de um mapa genético, que é levado a efeito com ou sem a sua presença, (…………..) as possibilidades de contrair enfermidades e outras informações específicas e necessárias à prova.

Vencida esta etapa, vem a redução perispiritual com conseqüente esquecimento do passado, o que mais apavora o candidato. Como nasce bem e morre bem quem faz o bem, o Espírito poderá ter em sua partida, centenas de amigos dedicados, orações, acompanhamento amoroso. (………….). Caso seja adepto do anarquismo, essas efusivas demonstrações de apreço geralmente não acontecem. No entanto, não seguirá espicaçado como um boi ao matadouro. Os pacientes fiadores de sua viagem às paisagens terrenas dedicam-lhe o carinho desinteressado, fazendo-se de paternais figuras frente ao filho ingrato.

(………………)

Primeira visita.

Observo na sala alguns companheiros com pranchetas. São alunos que vão estudar conosco a mediunidade em ação. No grupo há moças e rapazes que observam atentamente tudo que ocorre na reunião mediúnica. Portam aparelhos e os colocam em nossas cabeças, como a aferir vibrações, estado mental ou coisa parecida. Estou sendo alvo de suas pesquisas. Eles me examinam pormenorizadamente, comparam meu perispírito de encarnada com o deles; acham-no mais compacto e comentam ser devido aos meus fluidos vitais e ao meu hábito alimentar. Eu também faço comparações. Meu perispírito é realmente mais pesado. Os alunos se organizam diante do fio prateado que se liga ao meu corpo. Fazem desenhos, anotações e um deles diz que vai fazer uma experiência comigo. Ele vai tocar no fio prateado… (A médium voltou imediatamente ao corpo físico após o toque em seu fio prateado, seguindo-se novo desdobramento).

O rapaz que tocou no fio explica-me que usou um fluido mais pesado para tocar o cordão. Ele sabe que ao tocá-lo pode ocorrer algum estremecimento em meu corpo, mas não obrigatoriamente o retorno. A volta repentina ao corpo foi motivada pelo fluido denso que ele usou. Vamos nos deslocar para uma colônia. Alguns estudantes vão conosco e outros permanecem aqui em estudos. Estamos subindo a uma velocidade moderada. Vejo as nuvens, passamos por elas, quais passageiros de uma aeronave. Pousamos.

O instrutor informa que esta colônia se situa em cima do Rio de Janeiro, e que os deteremos em um departamento em especial. À minha frente encontra-se um muro, com forte portão fabricado com uma substância parecida com o ferro. Ele se abre ao toque do instrutor. Não é qualquer pessoa que consegue abri-lo. (……..) Mas nosso objetivo não é este, e sim, o departamento de reencarnação. Neste instante, penetro vasto salão, onde concentrados em seus desenhos, diversos técnicos trabalham sem atropelos. A aparência do local é a de uma sala de pintura. Muitos cavaletes, pranchetas, desenhos de órgãos, sistemas inteiros e corpos humanos. Estou trajando um roupão esverdeado, e me dirigindo com os amigos a um outro local onde se processa a redução perispiritual de um candidato a encarnação.

O instrutor nos adverte que existem algumas técnicas para esse trabalho, e que elas dependem das condições do candidato. Afirma que a minha presença aqui restringe-se à observação dos preparativos para uma reencarnação compulsória.

Nesse tipo de encarnação, o Espírito pode ou não tomar conhecimento da redução perispiritual. Os suicidas com grandes mutilações e que exigem um reencarne imediato para a modelação de órgãos danificados, seguem adormecidos, acordando encarcerados no corpo denso, manietados por suas deficiências.

Basicamente existem aqui dois aparelhos, cuja função redutora comprime os espaços

intermoleculares do perispírito. Uma câmara semelhante a uma incubadora, cuja parte superior é semelhante ao vidro, e uma cabina. A primeira é utilizada em casos mais urgentes, onde o perispírito fica deitado, permanecendo em seu interior por um espaço que varia de uma semana a um mês.

O restringimento é semelhante em ambos, sendo que na cabina de compressão, o processo se opera de maneira mais lenta. Nesta, o perispírito fica sentado, e o Espírito, ao contrário do caso anterior, permanece consciente e conhecedor da sua gradativa redução perispiritual. Em ambos os aparelhos, avistamos os mapas do futuro encarnante. Observo agora a câmara em atuação. Dentro dela um paciente como que

adormecido. O mapa que o acompanha possui várias partes do corpo lesadas. O processo de redução vai começar. O mapa acima, do tamanho natural do corpo, começa a ser iluminado por cores roxas, azuis, verdes; essas cores são cintilantes. Igualmente o perispírito está iluminado por esse verde cintilante, principalmente em sua área cerebral. (Puxa! Como é que posso explicar isso!) O mapa vai sendo passado para o perispírito e ele vai encolhendo. É como tirar uma foto em tamanho reduzido. Isso aconteceu apenas com a cabeça, pois ele desligou o aparelho. Esse tipo de restringimento utilizado em Espíritos inconscientes, é rápido. No caso desse companheiro apenas duas semanas serão o suficiente, tempo em que o óvulo de sua futura mãe, já escolhida e comprometida com ele, amadureça. A redução começa pelo cérebro impondo o esquecimento das vidas passadas. Como a redução é rápida, pode ocorrer nos casos de suicidas, que o esquecimento não se aprofunde bastante, a ponto de imunizá-los dos traumas sofridos. Isso é natural e faz parte do carma de cada um. É comum suicidas reencarnarem e lembrarem através de traumas e fobias variadas do seu gesto impensado. É uma catarse, um esvaziamento do inconsciente naquilo que lhe é lastro. O paciente sob a câmara deixou o mundo por uma explosão ativada por ele mesmo, ocasião em que se mutilou duramente. Esse reencarne funcionará para ele como uma colagem, uma modelação perispiritual, impondo-lhe recomposição e drenagens de fluidos.

—No processo de redução, você assistiu apenas a uma demonstração?

—Sim. O processo foi acelerado para efeito didático. Na prática não é assim. Ele colocou o mapa sob a tampa transparente, ficando este e o perispírito correspondente, órgão a órgão. Acionou a máquina, e vi o cérebro ir diminuindo, assemelhando-se no final a um cérebro infantil.

—E quanto ao Espírito lembrar do passado devido à rapidez do restringimento?

—Na fase infantil, muitas lembranças dramáticas podem aflorar e serem revividas com muita intensidade pelo Espírito. (……..) . Ele insiste em dizer que isso é necessário para o Espírito infrator, a fim de que se forme uma espécie de reflexo condicionado, um automatismo que lhe force a fuga de tais acidentes.

Sigo agora para outra observação. Aqui o candidato está consciente. Vejo que sua fisionomia é tristonha. O instrutor diz que o processo é indolor. O candidato sente apenas uma dor moral que tem gênese no medo de falir, quando encarnar. Ele levará consigo incertezas, saudades, depressões, muito naturais em quem parte. Nas despedidas, raramente a felicidade está presente, comenta. A diferença deste processo em relação ao outro é que aqui o candidato recebe aulas, exercita-se e fica horas dentro da cabina, como se submetesse a um tratamento.

A presença dos mapas no interior da cabina às vezes o angustia, pela consciência de que portará deformações. Nessa cabina, ele sente a redução. Nota como se alguma coisa lhe fosse subtraída, comprimindo lhe o corpo, enevoando lhe o pensar.

— A redução é feita por etapas? Diariamente ele faz exercícios?

— Ele fica nesse exercício até o período em que deverá ligar-se ao óvulo na hora da fecundação. Ao aproximar-se esse dia, o processo do restringimento acelera-se, entrando em fase terminal. Após exercitar-se na cabina, ele não volta para as suas atividades. (…………….) A redução, continua o instrutor, obedece perfeitamente à simetria orgânica do perispírito, graças à sua maleabilidade, imprimindo-lhe ainda as futuras características orgânicas. À proporção que ele se exercita na cabina, e que vai sofrendo a redução, paralelamente esquece os fatos ligados à sua vida, ocasião em que o rumo dos acontecimentos, passa a ser direcionado unicamente pelos técnicos.

— Quanto tempo dura em média esse processo?

— Esse candidato já se prepara há um ano. O tratamento dele é lento. As suas células vão ficando cada vez mais “compactas”, “densas”… Apenas efeito do restringimento, diz o instrutor.

— Ele é um Espírito de evolução mediana? Esse período de um ano está ligado a seu carma?

— Esse companheiro foi um grande ajudante aqui no hospital. Atuando como enfermeiro junto aos suicidas recolhidos, ele conquistou muitos méritos que agora revertem em seu favor. É por esse motivo que a encarnação está revestida de cuidados especiais, embora não seja do agrado dele a partida, pois gostaria de ficar neste plano muito mais tempo. Todavia, vejo em seu mapa fixado na cabina, que ele terá uma atrofia na perna, embora eu não saiba o porquê.

Ao contrário deste paciente, que embora não desejando a reencarnação neste momento a ela se submete, outros oriundos de diferentes religiões que combatem sistematicamente essa lei natural, oferecem grandes barreiras mentais para aceitação do fato. O fanatismo religioso é um problema à parte a ser tratado, e os técnicos o fazem com toda consideração à maneira de pensar e interpretar a vida de cada um; mas, fazendo cumprir a lei maior que é inderrogável.

Veremos agora a ligação do perispírito com o óvulo, culminando o processo encarnatório. Inicialmente vamos averiguar uma tentativa de reencarne, sem o planejamento desta colônia. É o caso de um Espírito que está querendo aproveitar o exercício do sexo pervertido, para tentar o mergulho carnal. Mesmo assim, aqueles que agem dessa maneira são observados e auxiliados pelo Alto.

— Se tais Espíritos aproveitam o deslize de um casal, então como se opera a redução perispiritual e o conseqüente esquecimento do passado, para aproveitar a chance?

— O instrutor diz que você está se antecipando, e que as respostas surgirão com a minha narrativa. Relata que em hipótese alguma interferirão no ato sexual, e que não assistiremos a ele. Vejo os lances através de uma tela, como se fosse em um filme. O irmão que quer reencarnar não tem o aspecto muito bom. Ele sabe que vai acontecer o ato sexual e quer ficar perto.

— Mas a intenção dele não é encarnar?

Sim. Mas o seu pensamento não é de ter uma oportunidade para o seu crescimento espiritual. Ele quer reencarnar para prejudicar a vida do casal. É um ato tolo, diz o instrutor, pois que ele não submeteu-se a nenhuma técnica de restringimento. Ele apenas observa o ato sexual e fica próximo, bem junto ao casal, na intenção de ser atraído e reencarnar. O que vejo na tela neste instante é que o espermatozóide não conseguiu fecundar o óvulo. Algo o impediu.

—Se houvesse fecundação, haveria reencarnação?

—Não. Esse Espírito para reencarnar, deverá passar inevitavelmente pela redução perispiritual, para que seja acoplado ao óvulo. Se houvesse uma fecundação, não germinaria vida, e provavelmente, aos dois meses, haveria um aborto espontâneo, expelindo uma massa informe. Mas isso dependeria ainda do carma do casal, pois o acaso não prevalece nesses acontecimentos.

Nesta mesma tela, vamos observar agora, ao reencarne bem sucedido, com ênfase para a ligação do perispírito ao óvulo. Vejo em tamanho ampliado as duas células germinativas. São coloridas. O óvulo apresenta cor alaranjada e o espermatozóide é azulado. Percebo nitidamente, que existe no óvulo uma espécie de fio muito tênue, que não é notado pelo microscópio, talvez por encontrar-se em sua contraparte energética. Esse fio, chama-me a atenção o instrutor, é que vai ligar-se ao perispírito, formando o cordão prateado que nele existe. Agora observo o feto…

—Pergunte ao instrutor, se esse fio que você notou no óvulo, existe em todo óvulo fecundado.

—Todo óvulo fecundado e que se destina ao acoplamento com o perispírito, o possui. No momento em que o espermatozóide bombardeou o óvulo, este se fechou sobre si mesmo, e eu vi sair dele, esse fiozinho como uma linha

—Isso ocorre toda vez que o óvulo é fecundado, ou quando especificamente esse óvulo está destinado a se ligar com o perispírito?

— Quando o óvulo foi preparado para receber a acoplagem do perispírito. Agora vejo o feto; é minúsculo… O perispírito ficou desse tamanho?!

— Qual a dimensão do perispírito em centímetros?

— Entre 10 a 15 centímetros. É como um feto de dois ou três meses. Esse perispírito que foi reduzido na câmara, é ligado através do fio existente no óvulo fecundado. Nesse instante, qualquer acidente que venha a romper esse fio, informa o instrutor, neutraliza a oportunidade de retorno para o candidato. O feto perispiritual é um bonequinho perfeito. (…………) . Ainda estou admirada com o perispírito. É tão lindo! Estou até vendo os cabelos, as unhas, o sexo…. Ele apenas crescerá dentro do útero, afrouxando um pouco mais a compressão molecular imposta pela cabina. Ele sofrerá transformações no seu semblante, o qual se ajustará à carga genética paterna e materna, determinantes das futuras características físicas que ele portará.

—Fale mais sobre esse fio existente no óvulo, e que vai originar o cordão prateado.

—Ele diz que você já entendeu. Repetem apenas, que ele vai se fortalecendo à medida que o corpo se desenvolve, formando o laço que retém o Espírito preso à matéria, que rompido, o libertará através do desencarne.

—Então o cordão prateado não vem com o perispírito reduzido. Ele surge do óvulo.

—Estou vendo na tela esse fio sair do óvulo. Não sei se no perispírito existe também algo semelhante, para que se faça uma junção.

—Procure se certificar.

—Esse fio que é ligado ao Espírito reencarnante, é propriedade inerente à matéria. É através dessa ligação que o Espírito passa a habitar o corpo material. Essa é a resposta dele.

—Insisto ainda uma vez, visto reconhecer o perispírito como sendo matéria, embora que em estado mais sutil. Qual a sua origem? Física, unicamente do óvulo, ou perispiritual?

—Sua gênese é material física. O perispírito, ao ser ligado ao óvulo, o faz através desse fio, gerando o cordão prateado. Imediatamente, devido à constituição celular do óvulo, o contato Espírito-matéria se estabelece. Isso ocorre com a fecundação. Os técnicos utilizam os recursos da célula germinativa e do perispírito, para efetuar a ligação. Ele me pergunta se você tem alguma dúvida, enquanto vai fazendo correr as imagens na tela.

—Não. A minha dúvida era quanto à formação do cordão prateado.

Ele explica de novo, rindo da sua teimosia. Esse fio que parte do óvulo fecundado, é ligado no exato momento da fecundação, ao perispírito. A constituição de ambos os elementos favorece a acoplagem, transformando-se no cordão fluídico que todo encarnado possui. Observo agora em outra imagem, o zigoto já dividido em diversas células. Ele explica que a sombra que se encontra unida ao zigoto, representa o perispírito, funcionando como um ímã, motivando as divisões celulares e os encaixes nas regiões apropriadas às suas especialidades. É a acoplagem das células materiais, às células perispirituais.

— Você está vendo a célula-ovo bastante desenvolvida, com células já multiplicadas. E também uma sombra em forma de feto. Essa sombra está sendo preenchida por células que se diferenciam em tecidos, e cada tecido ocupando a parte correspondente da sombra. É isso?

— Descrição exata a sua. É o mergulho do perispírito na matéria.

— O perispírito é que está comandando essa diferenciação? Por exemplo: fibras cardíacas, no coração; fibras esqueléticas, prendendo-se ao esqueleto…

— Observo já um outro diapositivo projetado sobre a tela. Essa figura mostra o preenchimento a que você se refere. Realmente o perispírito parece orientar a divisão celular. Na mão, (vejo a mãozinha dele) noto pequena mutilação no dedo. O perispírito já determinou no físico essa mutilação, uma vez que a fôrma do dedo, espécie de campo organizador celular, através de suas linhas de força, não permitiu o alongamento no dedo defeituoso como ocorreu com os demais. A parte faltosa não foi preenchida pela matéria orgânica, ficando delimitada por uma espécie de barreira invisível. O que vejo agora parece autorizar-me a dizer que o perispírito traz a mutilação e as células vão se multiplicando obedecendo as suas linhas já traçadas. (………………..) A missão está cumprida, afirma.

Não me encontro mais desdobrada; mas continuo a ver os estudantes em exercício com os médiuns. Um deles, com uma espécie de binóculo observa a sua cabeça. Outro, com um aparelho que lembra um voltímetro sofisticado, o encosta na cabeça de X, e o ponteiro se desloca um pouco para a direita…

— Deixemo-los trabalhar e vamos à prece final.

Segunda visita.

Observo quatro entidades amigas que nos esperam. Uma delas, o nosso instrutor, adverte-nos que hoje trataremos do tema reencarnação. Veremos casos de suicidas que se submeterão a reencarnações compulsórias. A região que vamos visitar situa-se em ambiente de pesadas vibrações. (………………….) Chegamos à frente de uma grande e alta muralha. Por fora o ambiente está às escuras. Adentramo-nos por um grande portão. Nessa colônia, são recolhidos suicidas voluntários e involuntários, bem como outros irmãos comprometidos com a lei no que tange ao descuido para com a vestimenta carnal. A acolhida aqui é temporária. Essa colônia, que possui forma circular e situa-se em zona perigosa, é um posto de emergência. Ela tem o aspecto de um forte; avistei isso de cima. No centro, em meio aos pavilhões, existe uma construção diferente, como uma capela, de cor branca muito limpa. Mais à frente vejo uma praça, mas o contraste entre a cor da capela e da praça é notório . (………)

Vou ingressar no pavilhão. Habitam esse recinto ex-alcoólatras com seu diário de mazelas. Eles são conscientes de seus problemas. Estamos examinando um rapaz de aproximadamente 35 anos, que apresenta o rosto e o abdome muito inchados. Ele está em coma. Estou sentindo em meu corpo choques e arrepios devido às condições do lugar. Esse Espírito reencarnará em breve, o que ocorrerá independente de sua vontade. Aproximo-me dele e consigo ver a sua pele como se fosse transparente. Percebo todos os órgãos internos. O fígado está enorme, apresentando colorido desfigurado, possuindo vários pontos negros. O instrutor diz tratar-se de uma cirrose em avançado estado degenerativo. O quadro que vejo é o mesmo apresentado por ele no momento do desencarne. O coração está bem maior que o normal. Os intestinos em petição de miséria. Os rins apresentam imensa dificuldade em filtrar o sangue. Tudo isso me foi possível observar devido a uma ampliação na minha capacidade visual.

Vamos adiante. Pedem que eu grave os detalhes, pois vou precisar deles logo mais. Estou em outro pavilhão. Ambos são separados por uma porta, mas não existe a permissão de ultrapassagem por parte dos pacientes. (……..) . Muitos enfermos se encontram em total prostração, tipo de paciente hospedado neste pavilhão é o que se suicidou por combustão. Noto que a maioria é mulher. Alguns pacientes apresentam-se enfaixados com ataduras. Vou observar em detalhes o perispírito de uma paciente em tratamento. Estão retirando as ataduras, e seu corpo surge em lamentável estado. Essa irmã lançou gasolina sobre o corpo e incendiou-se. O estrago é generalizado. Está sem mãos, e parece ter passado por um encolhimento. A fisionomia não traz os traços distinguíveis. É horrível! Pedaços arrancados, enrugamentos, calombos… A maioria das encarnações aqui planejadas visa apenas à restauração de danos causados ao perispírito, não havendo condições de sobrevivência para o corpo físico. A densidade do físico, forçando uma modelagem no perispírito, ajuda na restauração do reencarnante, mas pode levar a mãe à morte, devido à carga tóxica e fulminante que o suicida pode portar. Estamos falando de casos graves como este, em que a sua permanência na carne após o parto, será de horas ou no máximo, dias. (…….)

Vamos sair. Sou amparada, pois realmente estou debilitada. Entramos em uma sala, onde aconselham-me a deitar e a aspirar algo em uma espécie de máscara de oxigênio. A sala tem um perfume diferente. Está impregnada de fluidos reconfortantes. Quando os enfermeiros trabalham longos períodos junto aos suicidas, se refazem ao contato com essa substância que é agradavelmente relaxante. Sinto que minhas energias estão de volta, como se eu tivesse tomado um elixir revigorante. Precisamos ir ao outro lado da colônia; não andando, mas volitando, afirma o amigo que me acompanha.

De cima vejo que a colônia é muito grande. Passamos por vasto gramado verdejante, jardins, grandes árvores. Este lado é bem diferente do outro. (………………).

Mas esse não é o objetivo da visita, lembra o instrutor. Na sala à minha frente leio: “Departamento de Reencarnações Compulsórias”.

Os enfermos que habitam o outro lado da colônia são trazidos para cá e submetidos a planejamentos, para que possam reencarnar, retomando o caminho que tentaram bloquear. (…………….).

Observemos um caso: O Espírito encontra-se no interior da câmara de restringimento, a qual, na parte superior, apresenta o mapa construído para o seu futuro corpo. O paciente que observo, por ter sido alcoólatra, terá apenas dois anos de vida física. Pelo mapa, observo as deficiências físicas que ele portará. Nascerá com o fígado irremediavelmente falido. Os médicos poderiam tentar um transplante, mas este redundaria inútil, pois seu problema é cármico. O fígado observado no mapa, é desproporcional e cheio de lesões.

— O mapa tem o tamanho natural do paciente?

— Sim, e por ele posso lhe dar maiores informações. Como a faringe e a laringe sofreram vigorosa agressão, ele não terá condições de falar corretamente Os rins serão lentos na filtração do sangue; seu corpo será demasiadamente raquítico; um esqueleto vestido em pele molambenta. O instrutor complementa que ele nascerá em um meio onde a assistência médica e fraterna será escassa, pois assim está escrito em sua prova.

— Explique melhor essa assistência precária que ele enfrentará.

— Seus pais foram escolhidos de conformidade com as provações e resgates que os três precisam enfrentar. São pessoas pobres, favelados, onde até mesmo o pão material que lhes serve como ração de cada dia é minguado. Esse casal, pela sua ignorância e pobreza, não poderá submeter o reencarnante a um tratamento específico que lhe ampliaria a vida na matéria. Não é uma prova insuperável, diz o instrutor. Ela lhe permitirá uma espécie de drenagem do seu perispírito, expelindo grande quantidade de toxinas que o enfermam. Durante a sua estada no cárcere físico, ele terá o amparo e a assistência daqueles que lhe são benfeitores, e que daqui e ao seu lado, velarão pelo sucesso de sua Prova. Sairá aos dois anos mais purificado, e poderá voltar futuramente, com deficiências menores e vida mais prolongada. (…………………….) Apontam-me um outro mapa. Foi preparado para a irmã que ateou fogo a si mesma. Será uma reencarnação frustrada, no sentido que ela não sobreviverá. Ela já está consciente desse detalhe. Surgirá no cenário do mundo com os membros superiores e inferiores ressequidos, deformações grotescas na pele, como se fossem mondrongos, cicatrizes profundas que deixam a pele enrugada como a lixa. Noto que a pele terá pigmentação alterada, portando estrias irregulares. Viverá algumas horas somente. Apesar do seu reencarne estar marcado para breve, ela ainda não se encontra na câmara. Como ela já tem consciência da gravidade do seu problema, deverá sentir os efeitos da redução perispiritual.

— Quanto tempo ela passará na câmara de restringimento?

— Tudo depende das condições do Espírito. Mas, em se tratando de compulsória, o dela não excederá um mês, devido à urgência que o caso requer. (………………………)

— Esse Espírito, ao desencarnar, voltará para a colônia ou continuará o crescimento em outra instituição?

—Voltará para a colônia e reiniciará o tratamento, visando uma outra encarnação breve, até que atinja uma moderada harmonia anatômica-fisiológica, ocasião em que poderá ela mesma, em consonância com os técnicos planejar uma reencarnação prolongada, ainda e sempre sujeita aos débitos e aos créditos que tem. O instrutor menciona que aqui existe também o que ele chama de concessão. Alguns pedem e recebem, após o exame da sua ficha cármica, a concessão de uma vida prolongada na matéria. Essa vida pode ser vegetativa, ou até mesmo produtiva, a depender do corpo em questão. Todavia, um suicida não consegue subtrair-se dos traumas mentais que o obsidiam, nem das cobranças da consciência a exigir reparos para com a lei. Caso ele se fortaleça na prece e no trabalho de renovação espiritual terá sempre forças para superar a provação, que forçosamente repetirá na encarnação em pauta, um drama semelhante ao que ele faliu.

O instrutor me entrega alguns papéis ( ………) doenças apresentadas no futuro corpo carnal dos suicidas, conforme o gênero de suicídio escolhido.

Fogo: fobia ao fogo; doenças como a hanseníase e o fogo selvagem; manchas urticárias na pele.

Afogamento: Fobia a grandes massas de água; doenças pulmonares; asfixias; esquistossomose.

Envenenamento: enfermidades no sistema digestivo; câncer de esôfago, de estômago, de intestinos; alergias rigorosas.

Enforcamento: doenças nervosas; enfermidades na coluna; dificuldades na fala; doenças respiratórias.

Tiro no peito: doenças ligadas ao sistema circulatório; deformação toráxica; corpo sujeito a hemorragias e abalos nervosos.

Tiro no ouvido: deficiência mental; surdez; cegueira; dificuldade de aprendizagem; deformações cranianas e cerebrais.

Explosão: mortes prematuras para regeneração perispiritual; natimorto; mutilações generalizadas; hidrocefalia; vida vegetativa.

Apenas li a mensagem que ele me trouxe. Pede que você analise a conveniência ou não de divulgá-la.

REENCARNES