Seleção de trechos do livro
‘’O PERISPIRITO E SUAS MODELAÇÕES’’ de Luiz Gonzaga Pinheiro
Publicado pela Editora EME – 15ª edição – 2013
(disponibilizado por www.ebookespirita.org)

Páginas 307 a 312

A lei cármica admite flexibilidade em seu determinismo, mas seu cumprimento é inexorável, no sentido que cada um receba segundo as obras praticadas. É, portanto, criadora e determinadora de muitos” acidentes”, acordando o Espírito da inércia ou da lentidão em que se encontra por livre vontade, de vez que o velocímetro da marcha evolutiva de cada um é ajustado por si próprio.

Neste capítulo, veremos alguns casos de acidentes, com as consequentes implicações no perispírito dos acidentados, bem como a terapia ministrada, objetivando a normalização desse corpo plástico.

Quando esses acidentes atingem proporções inusitadas, prejudicando sobremaneira o perispírito, entra em cena o corpo mental servindo como fôrma para a nova peça a ser modelada. Até aqui isso parece ser uma constante em acidentes de grande porte.

PRIMEIRA VISITA

— O instrutor está me informando que vamos observar dois casos de acidentes traumáticos para o perispírito. A explosão de um avião de passageiros e um paciente, vítima de radiações atômicas de Hiroshima. São exemplos bem demonstrativos das agressões que o perispírito pode sofrer, determinadas pelas condições mentais e cármicas de cada um.

Fala-nos que nessa observação você pode explorar o assunto à vontade, de maneira a não permanecerem dúvidas em qualquer detalhe
da narrativa. Encontro-me em uma sala ampla e arejada, onde homens e mulheres trajam batas, como se fossem profissionais da Medicina.
A minha frente uma tela branca e grande, onde, segundo o instrutor, vamos assistir a um acidente ocorrido com um avião de passageiros.
As cenas que começam a surgir mostram imagens tridimensionais de grande realeza. Como estou atenta a todos os detalhes, noto através das cenas que os passageiros do avião são as mesmas pessoas que estão aqui conosco, assistindo o filme.

No avião eles estão bem vestidos, paletós, elegantes vestidos, como se estivessem a passeio. O instrutor (que coisa estranha!) diz que as cenas relativas ao acidente estão sendo retiradas da mente dos passageiros. Devo permanecer com atenção máxima, para descrever o mais fielmente possível. Verei a atuação dos médicos e enfermeiros antes e após a tragédia.

Neste instante, ele coloca a mão sobre a minha cabeça e sinto como se extraísse algo de mim. Como no momento sou a única encarnada presente, devo funcionar como doadora de ectoplasma para uma melhor funcionalidade da tela. Todos os Espíritos que estão na primeira e na segunda fila estão concentrados, e de suas mentes sai uma substância azul prateada, que está dando vida às ações na tela. O avião está em voo e seus passageiros descontraídos. O clima é alegre e cordial e nada parece prenunciar uma tragédia. As pessoas que passaram por esse acidente e aqui estão presentes encontram-se equilibradas e conscientes. Vejo agora vários enfermeiros dentro do avião. O acidente ainda não ocorreu. Cada enfermeiro, concentrado e em posição de alerta, se coloca ao lado de um passageiro. Os passageiros continuam despreocupados como se tudo transcorresse normalmente. Vejo também, com os enfermeiros, outras entidades desencarnadas; amigos e familiares dos passageiros, uns aflitos, outros orando, alguns prontos para o auxílio.

Os enfermeiros continuam posicionados, uns à frente, outros de lado e ainda alguns à retaguarda dos passageiros (Isso está me deixando nervosa!). Como estou um pouco tensa, o instrutor diz que me poupará

do instante dramático da explosão por ser bastante chocante, podendo me abalar e com isso prejudicar a narrativa. Verei cenas imediatamente após a explosão. Mas está acontecendo algo inesperado! Alguns Espíritos na assistência, que passaram pelo acidente estão vivendo fortemente o momento. Envolveram-se demais com o drama revivido e forçaram o aparecimento na tela do momento crucial da explosão. A cena está sendo plasmada! Não há tempo nem para gritos!.Explodiu de uma vez. Tudo e todos vão pelos ares. Pedaços humanos se projetam em várias direções. Os enfermeiros que estavam a postos, retiraram os perispíritos dos passageiros em fração de segundo, antes da explosão. É como se eles tivessem desencarnado antes da tragédia se consumar. Foram como que sugados do corpo; até aqueles mais arraigados à matéria.

Ocorre que alguns registraram tão fortemente a explosão, que a impressão que sentiram no momento pareceu fixar-se em suas mentes, entrando em coma profundo e a reviverem seguidamente a cena dantesca.

Esses que registraram rudemente a cena, sofreram o impacto no perispírito?
— Sim. Vejo a cena onde um Espírito desesperado procura pedaços
do seu corpo. Ele está totalmente alucinado.

E por que não entrou em prostração?

— Por causa do seu apego demasiado à matéria e ao corpo físico. Era excessivamente vaidoso; cultivava certo endeusamento de sua figura, e os enfermeiros não conseguiram fazê-lo entrar em prostração. Seu desespero é muito grande. Procura juntar cada parte do seu corpo. Aqui ele pega um pedaço da sua perna; ali ele apanha uma mão. Engraçado! Ele traz um pedaço da perna na mão, vejo seu perispírito sem a perna, mas ele caminha normalmente; como pode ser isto? O instrutor explica que o pedaço de perna que está em sua mão é uma criação mental dele, estando seu perispírito intacto, posto que ele foi retirado do local antes da explosão. Insiste que são resíduos de sua mente, onde se alojou a ideia da mutilação, favorecida pelo
desconhecimento da existência do perispírito. O tratamento para ele não será o mesmo dos mutilados comuns, uma vez que ele necessita apenas de educação mental e conhecimentos básicos sobre a vida espiritual.

Muitos Espíritos que entraram em prostração, abrigando em cores vivas nos arquivos mentais o drama sofrido, necessitam dessa terapia, pois se veem e se sentem mutilados, quando na realidade estão perispiritualmente intactos, sem a lucidez de perceberem tal realidade. Isso ocorre devido ao grau de alucinação em que se encontram e à falta de méritos que os credenciem a uma percepção mais vigorosa da realidade em que se inserem. Esse companheiro que traz o pedaço de perna em sua mão fechou todas as portas ao seu redor, para ter comovisão única o pedaço de perna que julga ser real.

Os desencarnes coletivos, que são casos excepcionais, podem ser precedidos de um desencarne antecipado dos envolvidos, contabilizando-se neste caso o trauma perispirítico, por conta da cristalização mental da ideia do acidente e do despreparo do Espírito para com as leis divinas. Alguns passageiros assistiram ao acidente, mas não compreenderam que poderiam ficar imunes aos seus efeitos,justamente porque não havia intimidade com o estudo, nem a meditação sobre o seu mundo de origem, o plano espiritual.

— Mas já estudamos casos de explosões em que o perispírito realmente sofreu danos profundos, à semelhança do corpo físico.

— É verdade. Mas aqui o caso é diferente. O perispírito foi retirado do local da explosão, não lhe restando qualquer sequela. No caso que observamos (suicídio) houve por livre-arbítrio uma agressão às leis de Deus, naquilo que de mais sagrado o Espírito recebe como instrumento evolutivo: seu corpo. O suicídio é uma insubordinação à lei. Um capítulo à parte nos traumas do perispírito, pois nele há vontade deliberada de praticar o ato; de mutilar o corpo e retirar do Espírito a sua eterna e inextinguível chama, ato tresloucado do qual o infrator não consegue evadir-se sem macular-se profundamente.
Como a deliberação para traduzir-se em tragédia é antecipada pela luta da consciência entre capitular ou resistir; como em nenhum instante ninguém está desamparado dos recursos divinos através da ajuda dos benfeitores espirituais; como tudo é tentado por parte da vida para lhe conservar na memória o ânimo e a coragem superando o instante depressivo pelo fortalecimento da auto-estima; e ainda assim ele capitula, os enfermeiros divinos não podem salvaguardar um perispírito que em si mesmo contém a ordem de implosão.

Nos suicídios, o perispírito não está imune às dolorosas mutilações orgânicas a que se condena, de vez que sendo o Espírito o carrasco de si mesmo, desertor do campo de lutas; renegado, pois abandona a fé em seu Criador, custa-lhe colocar a consciência em ordem para recuperar tamanho prejuízo causado a si mesmo.

— As imagens colocadas em tela foram retiradas da mente de pessoas que
passaram pelo acidente. Mas, as pessoas que estavam no avião não sabiam da presença de enfermeiros a bordo. De onde surgiram essas imagens, uma vez que os passageiros não as tinham registrado em suas mentes?

— Os Espíritos podem retirá-las do éter. Mas aqui presentes, encontram-se enfermeiros que a tudo assistiram. As imagens em parte saíram de suas mentes.

— Como se retira imagens gravadas no éter?

— O vegetal retira do ar o gás carbônico para fazer a fotossíntese.

Ele tem a sua maneira de materializar o alimento. Como isso é um procedimento inerente ao vegetal, retirar imagens do éter é um procedimento inerente ao Espírito. Entendeu?

— Claro que não!

— Você não pode ir além do que não conhece. São técnicas avançadas que eu não conseguiria explicar para você, mesmo com a aquiescência dos técnicos. Veja: tenho visto aqui um Espírito colocar a mão sobre a cabeça de outro e de lá retirar imagens de sua vida, usando técnicas de magnetismo pessoal. Apenas vejo os efeitos; eles conhecem a causa. O máximo que consigo entender é que eles fabricaram essa tela onde assisto ao filme, com fluidos retirados do cosmo e do ectoplasma que cedi. Como as imagens passam da mente deles ou do éter para a tela, aí já não entendo nada.
Iremos agora a outro pavilhão a fim de observarmos perispíritos, vítimas de radiações nucleares. Já os vejo. Apresentam-se com profundas chagas. Foi um desencarne coletivo ligado ao carma daquele povo (Hiroshima). Como acidente de vastíssimas proporções, a retirada de perispíritos antes do acidente restringiu-se a casos isolados, levando-se em conta os méritos de cada um. Noto que as células perispirituais foram lesadas pela radiação. Alguns não desencarnaram de imediato, passando a arrastarem-se penosamente durante dias, semanas, sofrendo a destruição de suas células físicas, impressionando-se mentalmente, formando cristalizações demoradas. As lesões com feridas profundas, pondo à mostra as partes ósseas, instalaram-se fundo na mente de muitos deles. Milhares já reencarnaram e outros continuam em tratamento. O panorama que vejo é, por demais, tristonho. Pessoas muito magras; umas com lesões cerebrais, como se a cabeça estivesse sem o cérebro; outras com o cérebro aparentando geleia. Esse órgão parece ter sido duramente atingido pelas radiações. Os pacientes estão passando por um acoplamento de células cerebrais, com finalidade de restaurar esse órgão. Os que ficaram em estado de alienação profunda foram separados dos demais, para não prejudicá-los, alucinando-os também. O tratamento aqui é bem específico. O Espírito é prostrado e encaminhado aos departamentos para projeção e desenho dos órgãos afetados. Vejo um rapaz portando grande ferimento, tendo o osso da perna à mostra. Observo o curativo ministrado pelos enfermeiros. Eles analisam a ferida, e notando-a limpa, sem pústula, colocam sobre ela um pó esbranquiçado e algo gelatinoso. O pó torna-se aderente, e sob a ação mental desses enfermeiros, parece confundir-se com o tecido ulcerado do paciente. A ferida aparenta entrar em processo de regeneração. A pele não fica totalmente restaurada, mas encena um princípio de cicatrização. Quando os enfermeiros se retiram e o rapaz relembra a cena que viciou sua mente, a ferida volta a abrir. O instrutor, sempre atento, explica que superado esse impasse, a cristalização da ideia, o processo cicatrizante se instalará em definitivo sobre os ferimentos. Alguns levarão sequelas físicas para as reencarnações futuras, devido ao fato de suas fichas cármicas acusarem grande envolvimento em episódios que marcaram outras pessoas com dor e sofrimento. Tais espíritos, julgados e condenados por suas próprias consciências, não logram forças para a regeneração perispiritual completa.

Os Espíritos que você observa se encontram nesse estado desde 1945 quando sofreram o acidente?

— Sim. O tempo para o Espírito não é regulado pelo relógio terreno; a vontade bloqueada torna a ação obstruída. O tempo passa sem tecer os fios da saúde, para quem se deixa paralisar na própria enfermidade.

(…..)

INTERVENÇÕES DA ESPIRITUALIDADE EM ACIDENTES VIOLENTOS – CASOS DE REMODELAÇÃO DO PERISPIRITO
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