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Apesar do efetivo apreço e da confessada admiração que votamos à inteligência humana, somos compelidos a reconhecer que ela ainda não dispõe de capacidade suficiente para bem avaliar a divina grandeza do Espírito Crístico de Jesus. Isso talvez explique por que tantos intelectuais ilustres tentaram e tentam minimizar o significado do Evangelho no contexto da evolução planetária, embora nenhum jamais tenha ousado negar-lhe a inigualável expressão moral e a profunda influência na história dos povos. Buscam, porém, ignorar-lhe a inapreciável contribuição nos campos da Ciência, da Filosofia e do Direito, procurando limitá-lo às dimensões de apenas uma religião, dentre as demais religiões humanas. É, porém, chegada a hora de se aferir melhor a realidade dos fatos, para que a verdade e a justiça prevaleçam, no interesse da Humanidade.
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Sim, Irmãos em Humanidade! É isso o que acontece! Somente à medida que vamos crescendo em inteligência, em dignidade moral, em pureza de sentimentos, em experiência da vida, em ciência e em técnica, vamos podendo, vagarosa, mas efetivamente, ir compreendendo melhor, e melhor sentindo o Espírito e a Mensagem do Cristo Divino! Tão imensos são o poder e a sabedoria dEle, tão indizível o seu amor, que Ele pôde produzir esse sublime milagre de nos revelar, sem ofuscar-nos, verdades eternas, de incontáveis faces, dosando-as de tal modo e com tanta propriedade, que pudessem ir sendo por nós compreendidas e assimiladas, sem pressa, sem traumas, sem imposições, sem inconvenientes, ofertando-nos um legado inesgotável de sabedoria e de amor, capaz de alimentar-nos e de enriquecer-nos para sempre!
Quantas verdades transcendentes e desconhecidas nos foram reveladas por Jesus e registradas no seu Evangelho Divino! Até que a palavra amorosa e sábia do Mestre nos esclarecesse, que idéia fazíamos de nós mesmos?
Na pobreza de nossa imaginação, não passávamos de seres criados ao acaso dos caprichos de deuses indiferentes e cruéis, cuja benevolência precisávamos conquistar com sacrifícios e oferendas servis e cujas cóleras quase nunca se aplacavam senão diante do sangue inocente de nossos próprios filhos, que éramos constrangidos a imolar-lhes! Libertando-nos definitivamente desse aviltante servilismo e elevando-nos à incomparável condição de Príncipes dos Universos, Jesus nos revelou a amorosa paternidade do Deus Eterno e único, conscientizou- nos de sua onipotente bondade, de sua misericordiosa e infalível justiça, de sua presença onímoda (PLENA) e perene, ensinando-nos a elevar até Ele a força do nosso pensamento e a confiar com filial devoção na sua infatigável Providência! Honrando-nos o entendimento, disse-nos, antes de qualquer outro, que na Casa do Pai há muitas moradas, que a vida estua pelo infinito dos espaços, que multidões incontáveis de palácios siderais abrigam radiosas Humanidades, que o Pai não cessa de trabalhar, de criar, de expandir e sublimar as bênçãos supremas da vida. Retificando velhos conceitos errôneos, filiados à nossa ancestral ignorância, convidou-nos a compreender que Deus dá a cada um segundo as suas obras, de perfeito acordo com a Lei de Causa e Efeito, estabelecendo em novas bases as nossas concepções de justiça. Falou-nos com clareza da lei das reencarnações, dos imperativos da evolução incessante, da indispensabilidade do esforço próprio, do mérito pessoal, para o progresso sem fim. Somente uma inacreditável cegueira de entendimento poderá recusar-se a reconhecer como contribuição legítima ao progresso da Ciência a revelação de verdades científicas por ela ainda ignoradas, como a pluralidade dos mundos habitados, a lei das reencarnações, a Lei de Causa e Efeito como base da soberana justiça, a paternidade universal de Deus, que desautoriza a teoria da geração espontânea, a lei de intercomunicação entre os planos espirituais da vida, que consagra a cientificidade dos fenômenos mediúnicos e a lei das compensações de valores, segundo a qual o amor cobre a multidão dos pecados. Curiosamente, a Ciência, como tal oficialmente considerada, gastou dois mil anos para admitir, com grande timidez, a remota possibilidade de cada uma dessas verdades elementares e fundamentais, e ainda não conseguiu incorporar nenhuma delas ao seu acervo de conhecimentos definitivos, por absoluta falta de condições técnicas para as comprovações necessárias!
Quando a lei das reencarnações for finalmente compreendida e aceita pela Ciência, a Psicologia e a Psicanálise alcançarão níveis excepcionais de progresso. A Psiquiatria atuará com muito maior segurança e eficácia quando puder entender os ascendentes e os mecanismos da fenomenologia medianímica. A Parapsicologia encontrará caminhos ilimitados de desenvolvimento quando incorporar aos seus princípios a certeza da imortalidade e as técnicas de intercomunicação dos Espíritos.
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Como o Direito Humano está ainda longe desses princípios divinos de legítima fraternidade e verdadeira justiça! Quantos dolorosos conflitos, quantas difíceis provações, quanta dor e quantas lágrimas ainda terão de acicatar o sentimento e a inteligência dos homens, para que eles finalmente entendam e aceitem as diretrizes evangélicas como normas ideais para suas instituições, a fim de terem alegria e paz em suas vidas! Até lá, a sabedoria do Mestre continuará parecendo
aos doutos juristas do mundo alguma coisa lírica e irreal, fantasiosa e inaplicável…
Enquanto, porém, houver sobre a face da Terra pobres e famintos, gente que chora e almas sem misericórdia, a palavra de Jesus não cessará de ecoar nas eternas Bem-aventuranças! Por mais que demore, os princípios da força serão substituídos, no mundo, pelos da misericórdia, e os mandamentos da astúcia pelos da verdadeira justiça. Nesse dia, acima do Direito Público e do Direito Privado, do Direito de Sociedade e do Direito de Família, estará o Direito Divino do Amor Universal e Eterno, a reger a vida humana para o entendimento e a felicidade. Então, a Religião não será mais objeto de exploração entre os seres humanos, nem instrumento de poder político ou de exacerbação de vaidades sociais. As preces, sentidas e sinceras, não serão comercializadas e os maiores dentre os irmãos serão invariavelmente os servidores de todos.
O divino legado de Jesus, que a Humanidade Terrena ainda não quis aceitar e não pôde receber, é o de um mundo feliz, de paz e amor, sem injustiças, sem opróbrios, sem miséria, sem orfandade, sem crimes e sem ódios, sem fratricídios e sem guerras, onde todos, solidários e progressistas, criarão a Beleza, desenvolverão a Ciência e as Artes, a Filosofia e a Técnica, com trabalho digno e repouso honesto, na nobreza do lar e na administração operosa e esclarecida.

O DIVINO LEGADO